sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Feliz Aniversário, Lua!!!










Bruxos te entendem como ninguém. A mãe lua continua exercendo sua graça sobre a sua filha. E todas as deusas abençoam o que há dentro de você! És deusa da vida (da minha, pelo menos) e tem as três faces daS tuas ancestrais. A tríade faz de teu corpo sua morada e zela os segredos da tua alma. És a lua personificada e, para mim, a sacerdotisa mais sagrada, a única que detém dentro de si a bainha das minhas espadas e os juramentos mais belos e sinceros da minha guarda.
 
És a mescla perfeita e a ligação mais potente da humanidade com a divindade. És o cálice da jovialidade, a fonte da maternidade e o poço da sabedoria. Que seu sorriso respeite a vontade das flores e desabroche sempre brilhante, seja uma luz constante,  como as estrelas que, daqui por diante, nos guiarão pelos caminhos do amor, da prosperidade e da sapiência, para o mundo. Para mim és mais:

És a fonte dos sonhos, o poço da realidade e o cálice do amor inesgotável, que sorvo e absorvo absorto. És meu suporte, meu abrigo e minha cura. És minha ousadia, minha arte e minha consagração! És a integridade que une todas as partes dispersas do meu coração e desperta como um beijo nos lábios, o meu espírito de dragão! És minha completude, minha saudade, minha alegria e minha ânsia de viver. És meu todo sendo minha metade.          

Que a floresta preserve em ti a fertilidade festiva das artes. Que a terra te dê a estabilidade necessária para prosseguir em seu caminho. Que as águas mantenham dentro de ti o fluxo do seu movimento fácil para que transpasse qualquer obstáculo. Que a determinação do raio seja para sempre teu máximo oráculo, mas que não aja sem a calma e a frieza das sombras que guardam e intensificam o brilho que sempre te será dado pela lua e pelas réstias de luz do pôr do sol. Que o vento te liberte e te guie pela mão toda vez que te sentir presa e que, além da liberdade, sopre pros teus braços o sucesso que o fogo forja para ti nos momentos de aço. Acima disto, que universo inteiro vibre todas as suas correntes de energia para fazer de cada um dos teus desejos uma ordem natural aos laços.

Além disso, tenho somente palavras de gratidão por ter me escolhido como seu guardião. Sinto-me honrado, grato e deveras amado ao teu lado! E, embora já te seja sabido, eu sinto a vontade de reafirmar: meu papel em tua vida é te orientar, te proteger e te amar. Espero para sempre ser teu companheiro, a pessoa que pode te compreender e te aceitar, Espero que possas sempre partilhar comigo teus pensamentos mais profundos, tuas histórias mais secretas, teus mais verdadeiros sentimentos e tudo o mais que quiseres dividir, sem intermediações, de uma alma a outra alma!

Eu amo você!  
 

Feliz aniversário, amor!

Edgar Izarelli

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sobre minha nova performance.

Bom dia, galera!

Hoje falarei um pouco sobre um novo trabalho poético-teatral que estou desenvolvendo com a ajuda da Lua. Ainda não tem título, mas creio que até fim da postagem eu consiga dar-lhe nome.  A performance ainda está aberta e, por hora, contém 4 textos de minha autoria, durando, na íntegra, 25 minutos. É o que chamo de micro-monólogo. 

O processo de criação desta performance está sendo uma delícia, pois, mescla uma quantidade inimaginável de novas descobertas, tanto no que é tocante toda a parte de evolução artística, quanto no que tange a parte pessoal. Para mim, está sendo importantíssima esta nova performance, considero-a uma quebra de tabu.

Bom, tentarei verbalizar um pouco todo o processo que fiz até o presente momento. Claro que, como a maioria parte das minhas criações, está teve suas origens em processos pessoais e devaneios artísticos, por isso talvez eu não possa exprimir tudo o que fiz. Alias, dizer que eu “FIZ” me parece até arrogância de minha parte, considerando que a primeira parte deste trabalho é oriunda da necessidade de expressar o que eu estava sentindo no decorrer de uma crise existencial, já recorrente para mim, mas nunca descrita da forma descrevi nessa performance. Tal processo psicológico é decorrente de uma sensação de incapacidade devido a minha condição física, que limita em muitos aspectos da minha vida e me condiciona a depender de outrem para coisas cotidianas.

 Só consigo falar disso abertamente graças à representação artística que consegui extrair da última crise que tive. Falando francamente, sempre tive vontade de escrever algo desse tipo, mas esse desejo sempre foi reprimido, silenciado, inibido pelas minhas próprias convicções artísticas. Desde que me assumi poeta, a linha de trabalho que sempre procurei seguir é basicamente “expressar meus sentimentos, de forma particular, sim, mas que qualquer pessoa possa se identificar”. Em outros termos, escrevo para que as pessoas possam sentir que mais alguém se sente como elas. Falar da minha condição física e de como me sinto em relação a ela sempre me pareceu um tema pessoal demais se comparados aos meus temas favoritos: amor, relacionamentos e arte. Inclusive, quando era mais novo, uma pessoa perguntou por que eu não escrevia sobre a minha deficiência respondi poeticamente com uma poesia chamada “De porque eu sou romântico” falando de tudo o que eu poderia falar e não falava porque não era meu ideal artístico. Claro que evolui muito desde então, mas, mesmo assim, consegui romper o tabu de falar sobre sexo em cena antes de escrever algo politicamente incorreto, mas sentimentalmente exato sobre a minha condição.

Só pude vencer ambos os tabus graças a diversas experiências artísticas desde a parceria com Takumi Matos, passando pelo Co-Mídia Dell’Arte (grupo que originou a EdLua.Artes) e chegando ao apoio da minha amada Lua, que me incentiva a buscar inovações e ousadias através das experiências pessoais que vivemos.

Voltando à performance. O texto que rompeu com o tabu se chama “Escafandro em Curto Circuito” e foi escrito no final de agosto. Dei este nome, por causa da referência cinematográfica “O Escafandro e a Borboleta”.

Professora Maria Lúcia Lopes do Prado,
Uma supervisora e
 Professor Marcos Rodrigo da Rosa  
A oportunidade e a ideia de apresentá-lo de forma cênica me vieram quando meu ex-professor Marcos Rodrigo da Rosa (reencontramo-nos num sarau no primeiro semestre) me convidou a fazer uma intervenção artística num evento da Diretoria Regional de Ensino do Campo Limpo, onde ele trabalha, no dia 9/10. Decidi levar algo chocante e que pudesse mostrar como se sente de verdade uma pessoa com alguma limitação, no meu caso, motora, sendo tratada como incapaz e, ao mesmo tempo, fosse algo desafiante para mim. Para tal apresentação juntei três poesias (“Olha pra Gente”, “Escafandro em Curto Circuito” e “A Caixinha Mágica”) e uma inovação recente que acrescentei a minha atuação durante uma noite em que havia faltado eletricidade em casa: a luz de uma lanterna com opção de foco ou iluminação ambiente.

Minha mãe, professora Laura e eu!
A apresentação foi muito apreciada e elogiada, fiquei eu mesmo satisfeito com o resultado. A junção das três poesias ficou quase perfeita, a luz da lanterna deu um impacto mais profundo à representação.

Abaixo, um depoimento do Rodrigo sobre a performance e sobre o livro “Porta Encostada – Entre a Resiliência e a Obsessão”.

"Você esteve demais, cara! Arrebentou!
 
Minha diretora achou você, além de espetacular, bastante ácido. Ela gosta disso.
 
Os Supervisores também apreciaram muito. Alguns disseram que foi o momento mais poético e sensível que a Diretoria Regional presenciou.
 
Logo vamos enviar as fotos e postar o video no youtube.

Quanto a sua poesia, cara, que foda! Que estrondo!
 
O poema "Entre a Resiliência e a Obsessão" revela um cuidado com a palavra, uma investigação profunda dos sentimentos do ser;
particularmente, revelou-me a mim mesmo.
O ponto fraco de sua poesia talvez seja as excessivas enumerações, como escreveu Borges, certa vez. Mas mesmo as enumerações não me desagradam. Elas são obsessivas. Como tende a ser o nosso pensamento. 
 
Abraços"

Marcos Rodrigo da Rosa
 





Duas semanas depois da apresentação na DRE, já tinha marcada, para o dia 28/10, a apresentação da mesma performance, na escola M’Boi I, a convite da supervisora Simone.

Para a segunda apresentação, já levei algo a mais, o texto contava com a inclusão de mais uma poesia, a “Sobre as Palmas que Vocês NÃO Vão me Dar”, para arrematar o lado artístico, já estou pensando em melhorias cênicas. Novamente muito bem aceita e recebendo ótimas críticas. 





Vídeo de um trecho da performance, gravado no Sarau da Educação e Cultura, dia 18/10:    





A apresentação na DRE ainda m e valeu uma entrevista feita pela Professora Maria Lúcia Lopes do Prado. Em breve a postarei aqui, no EdLua.Artes.

Sobre o título da performance, decidi batizá-la de “O Brilho de uma Alma”    

A performance pode ser apresentada para professores e familiares destas pessoas e para elas próprias, como forma de incentivo à evolução.

Gratidão imensa a todos os que foram citados, especialmente ao Rodrigo pela oportunidade e por me abrir tantas portas!!!

Um abraço

Contatos: edelua.artes@gmail.com ou eioc77@hotmail.com    


Edgar Izarelli de Oliveira

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Crítica sobre "O Ogro e a Tecelã" da Guerreira Xue por Edgar Izarelli


Bom dia, gente!

Tive a ideia de começar a fazer críticas dos livros de autores, principalmente os contemporâneos; mas farei também de autores consagrados. É uma maneira riquíssima de divulgar a literatura e ajudar alguns colegas de profissão, tudo isto enquanto me aprimoro, pois, para mim, ler é pesquisa de campo!      

Hoje, farei uma breve crítica literária do livro “O Ogro e a Tecelã” da Guerreira Xue.
 
Sobre a autora (já a citei neste blog, provavelmente com seu verdadeiro nome, Hilda Milk), conhecemo-na, a Lua e eu, durante a Bienal do Livro. Figura simpática e bastante extrovertida, conversou conosco durante cerca de uma hora, compartilhando conhecimentos e contatos. Ela administra o blog Escritores Sem Fronteiras (1 e 2) e também o grupo no facebook de mesmo nome, onde os escritores partilham contos, poesias, links interessantes, enfim, uma vasta gama de material para quem aprecia a arte da literatura. Vele a pena conferir! (links do final do texto)

Dias depois, nos encontramos novamente e trocamos nossos livros. Acabei a leitura do livro “O Ogro e a Tecelã” alguns dias atrás e estava me dando o tempo certo de sua digestão antes de escrever o presente artigo.

Em linhas gerais, a obra é um livro de contos infanto-juvenis de variadas linhagens genealógicas, quase sempre apresentando características marcantes dos contos-de-fada, o que me deu, em determinadas ocasiões, a sensação de uma releitura de contos já consagrados. Entretanto, contém uma narrativa primária que encadeia as demais, seguindo, basicamente, a mesma linha de raciocínio do famoso texto árabe “As Mil e Uma Noites”. Não sei dizer se tal semelhança foi intencional, mas confesso-me deveras inclinado a acreditar nesta premissa.

Uma outra característica que me chamou demasiadamente a atenção foi o amplo vocabulário utilizado no decorrer de todo o livro, o que foi um tanto surpreendente, artisticamente falando, pois foge à regra básica para literatura infantil, uma vez que não considera a criança incapaz de compreender verbetes requintados da nossa língua. Fico em dúvida de afirmar categoricamente que o uso deste alto calão linguístico seja totalmente deliberado, visando, por exemplo, uma brusca revitalização da norma culta em nossa juventude (processo realmente necessário); é preciso considerar a hipótese de ser natural tal linguagem à autora. No entanto, me parece seguro afirmar que, profissionalmente, usar este vocabulário é um risco que só é assumido, na literatura, por quem realmente a língua; claro, levando-se em consideração o escasso conhecimento que o nosso povo tem da norma culta. Este recurso não atrapalhou, a meu ver, que se mantivesse a oralidade das histórias, mesmo por que ficou evidentemente notória a preocupação da autora em conservar a tradição de se contar histórias para as crianças antes de dormir.

Guerreira Xue, Ed e Lua
Além disto, a maioria das histórias narradas é baseada numa literatura considerada nova, onde os antagonistas têm sempre uma razão e/ou uma personalidade que justificam seus atos. Entretanto, a maioria dos contos presentes neste livro não tem exatamente a figura antagonista clássica, apresentando, muitas vezes, uma situação-problema em seu lugar. É interessante, pois isso propícia a formação do senso crítico, habilidade que é ainda mais incentivada pela própria divisão do livro em uma narrativa primária durante a qual os contos são contados.

Para que todos entendam, a narrativa primária apresenta um menino de dez anos de idade chamado Guga, ele é filho de uma escritora e pergunta a mãe se ela sabe contar histórias. A mãe responde que ela própria escreve histórias e começa contá-las uma por noite.
Devido a esta constituição narrativa, a autora consegue registrar não só os contos em si, mas, entre eles, também registra a reação do garoto, seus questionamentos e impressões sobre os contos que a mãe narra. É uma característica marcante do livro e pode funcionar como um ponto de partida pra uma discussão mais profunda.

O livro contém seis histórias:

O Ogro e a Tecelã – Uma história que mescla muito bem todos os elementos de um suspense. Um ogro, uma tecelã, uma bruxa, uma mãe louca, um filho desaparecido e um marido cauteloso, em um reino que esconde algum segredo.

A Viola Encantada – As aventuras de Zózimo, o pequeno elfo, parece metaforizar, na minha interpretação, um programa assistencialista ideal e certamente faz ao transformador da arte na sociedade.

Água de Chuva (Amanari) – uma emocionante história de amor dos povos indígenas que mostra o ciclo perene da vida como o ciclo das águas.

A Rata e o Dragão – É um conto escrito em grupo. Para mim, se assemelha a uma releitura do clássico “o Leão e o Rato”. O texto apresenta várias reviravoltas interessantes.

Acorda, Catarina (meu favorito) – Uma moça intuitiva é taxada de louca por um comportamento e uma certeza peculiar. A cidade inteira zomba dela, mas ela mantém o hábito. Até que um acontecimento decorrente de sua mania muda toda a sua vida.

Natal com Jesus (na minha opinião, o mais surpreendente) – Uma menina cai num rio e é salva por um misterioso Jesus, o tipo é descrito como um mendigo. Quem é esse Jesus? É realmente inesperado o desfecho deste conto.

Novamente em linhas gerais, o livro propõe desfechos surpreendentes, rápidos (poderiam ser um pouco mais trabalhados e mais lentos, mas, considerando impacto positivo que me foi transmitido, não vejo erros na técnica escolhida) e abertos, características essas que tornam a obra uma leitura altamente estimulante e formadora de senso interpretativo e crítico. A autora claramente é dotada de um enorme talento, porém, eu gostaria muito de ler uma narrativa mais extensa e mais detalhada, feita para um público que já tenha senso crítico desenvolvido, para adolescentes ou adultos, por exemplo. Penso que seu estilo poderia ser mais bem aproveitado em coisa menos fantásticas, mas guardando sim o conceito do inesperado, como nos dois últimos contos do livro!  

Retenho-me por aqui.

Abraço!

Links: 


Edgar Izarelli.  

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

História de Ed & Lua














Uma estrelinha me perguntou como conheci a Lua... Minha resposta naturalmente saiu acordando com as regras da escrita poética!

Estrela minha, minha menina, muitas vezes, conhecer não basta, é preciso reconhecer! E foi assim que reconheci a Lua:

Era início maio, e minha “Dama do Outono” não falha em me trazer a renovação dos ciclos. Um sarau maravilhoso nos acolhia na Casa de Cultura Santa Tereza, a deusa Poetisa me abençoava, me fazia declamar "A Caixinha Mágica" e a mágica da minha caixa pulsante era a Lua, mas ainda não o sabia.
Lua era abençoada pela Música! Brilhava esplendidamente na minha frente, como se pedisse diretamente ao meu sentimento: "Não me abandone jamais!". Eu estava inclinado para o lado errado do meu ser e, cego de mágoas anteriores, iludia-me e cobiçava uma pedra preciosa aos valores terrenos e não reconheci de imediato a deusa celeste que guiaria minhas marés. De certo, porém, algo naquela mulher já havia me cativado. Seu sorriso, seu olhar, sua voz... O abraço quente durante as manifestações do inverno daquele ano.

Levou o tempo calmo, sim, de formamos uma bela amizade até que nos reconhecêssemos almas gêmeas. Ela foi me mostrando todas as suas fases e todos os sonhos que pintava das imagens que via em seu coração. A Lua era um anjo abrindo as asas e eu a guiei no primeiro vôo. O primeiro sinal veio diretamente de seu coração, uma lembrança de alguma vida interior, cheia de simplicidade e alegria, que tínhamos, sem saber, mas querendo muito, resgatado ao nos abraçar.

Lembro-me, como se tivesse sido hoje mesmo, do nosso primeiro encontro a dois. Aconteceu por força do destino, após uma reunião sobre a conferência municipal de cultura... Pedi a ela que ficasse comigo naquela tarde, ela ficou... Eu deitado em seu colo, no banco de uma praça, a conversa transcorria leve como “um sonho de uma noite de verão” sobre a espiritualidade da natureza. A própria rainha das fadas parecia estar presente para dar as primeiras bênçãos ao casal que se formava. As estrelas brilhando sob o sol de primavera e o céu azul de Agosto davam ao local uma certa magia peculiar que nos deixava muito à vontade. Era-me então impossível não a reconhecer minha mulher, minha companheira de vida e até, quem sabe; de outras vidas! Sua beleza refletia claramente a beleza de sua alma. Aqueles cabelos cacheados ao vento, a saia longa, o sorriso calmo, olhar doce que espalhava sua prata sobre meu corpo e o coração melódico e sem pressa.

Mesmo com tantas evidências, eu ainda relutava com a ideia de estar apaixonado pela musa de todos os outros poetas. Muitas outras almas se encantavam e dedicavam á ela a poesia que me era tão amiga e tão íntima travestida em outros estilos, que, aos meus olhos, eram menos suaves, mas igualmente sinceros, ternos, belos...      

A própria rainha das fadas teve de voltar e emprestar, por um instante, toda sua elegância e divindade, à minha sacerdotisa lunar, para que eu, trajado de rei dos elfos, no epílogo de um ensaio, pudesse a reconhecer novamente e dissipar qualquer dúvida que ainda pudesse enevoar a visão perfeita do meu coração. Aquela Lua setembrina era mesmo a rainha da minha natureza!

A partir de então, e de novo, foi a estrela-guia da arte que nos aproximou, mas, dessa vez, sob ares de pretextos. Organizações de eventos, os eventos em si, um novo grupo de teatro, ideais artísticos, poesias de rua, amigos valiosos, madrugadas viradas em versos, apresentações, percepções, muitos carinhos, mútuos caminhos trilhados conjuntamente... Momentos a sós! E “a loucura é”, de fato, “a cura, se o ventre que a concebe a entende por amor!”

A decisão final ainda parecia distante, meus traumas me prendiam. No entanto, a Lua sempre soube desconsertar os muros de meu coração, demostrando com todas as suas atitudes, exatamente o que ela queria. Tão determinada e fortemente, que já me era impossível dizer não. E ainda, para completar as coisas, os ciúmes, às vezes, vêm para o bem... Não a queria roubar do mundo que ela parecia prezar, mas não podia deixá-la ir sem que soubesse dos meus mais sinceros sentimentos e fui forçado a admitir para mim mesmo e para ela que eu é que precisava desse amor! Que eu a "amo como quem espera pra nascer!"

Em resposta, outubro abriu-se com a graça um beijo de amor que me foi, verdadeiramente para mim, o primeiro! A "Cumplicidade" tão natural aos amantes, foi ainda mais natural para nós, que entendemos e apreciamos a natureza de ser natural! Com essa mesma naturalidade, nossas mãos se deram à chance de se mostrar e permanecem dadas até hoje.

Descobri, naquele instante, que é a minha missão maior refletir para a Lua a própria beleza e me tornei mar irrestritamente profundo e transparente para espelhá-la em meus olhos, em minha pele e essência.

De lá para cá, se derramaram pouco mais de 13 luas de amor na ampulheta da vida e elas acompanharam muitas escolhas, decisões, mudanças de pensamento, discussões, crises existenciais, continuidades, a confiança, a intimidade, viagens, trabalhos a dois, sucessos, medos, inovações, saudades crescentes, mandalas da Lua Cheia, chuvas de estrelas e agora a distancia está finalmente minguando...

Não nos fora sequer necessária a formalidade de pedir, já estava tudo certo para a eternidade que agora começamos a viver! Toda a nossa história registrada pelas sábias mãos da arte! Nossa poesia, toda a poesia que se exala de nosso amor, é uma imensa Luz de Prata que nos cura a alma e nos faz reverberar a força de ser espelho luminoso do amor e de todos os seus obstáculos derrubados!

Amor, minha Lua, meu sentimento por você não para de crescer e já transbordou por todas as futuras páginas da minha história. Muitos livros ainda haveremos de escrever e ilustrar, muitas performances ainda estão por se apresentar, muitas obras-primas pra criar... Mas a arte se tornou mais bela e mais palpável quando se revelou "ESPELHO" da nossa realidade! Espero poder continuar re-conhecendo você dia após dia!     


Edgar izarelli de Oliveira

sábado, 4 de outubro de 2014

Novo texto sobre aborto: perspectiva feminina.

Vou me pronunciar a respeito dos debates sobre a legalização do aborto.
Que fique claro que:
*É a minha opinião, portanto vão existir discordâncias ou concordâncias com o que você que está disposto a ler*
*Já que o problema é que "homens não podem falar sobre coisas de mulheres porque não são mulheres", então eu que sou uma mulher vou falar sobre o texto de um homem, defendendo os argumentos do mesmo*
Eu não defendo a legalização do aborto. E por quê eu devo discutir sobre isso?
Porque ao contrário do que muitos pensam, é necessário ter opinião hoje e sempre. Se pronunciar e debater sobre a sua opinião é necessário hoje e sempre; para que nós possamos ampliar a nossa visão a respeito de nós mesmos e principalmente pra reafirmar um pensamento ou mudar de opinião.
Não tenha medo de mudar de opinião. É natural que as mudanças aconteçam, elas fazem parte da nossa evolução. Mudanças são necessárias no nosso crescimento e no nosso senso crítico.
Mas, se você acredita firmemente em alguma coisa e enxerga claramente que tem alguma coisa errada nesse sistema em que crescemos e aprendemos a sobreviver... Então sustente o que você acredita, sem medo! Mas sustente de forma consciente e estude todos os pontos de vista possíveis.
Eu já fui a favor do aborto, há pouco tempo atrás. Acreditava, como muita gente acredita, que a mulher deve ter livre arbítrio e fazer o que bem entender com seu corpo, porque afinal do nosso corpo só nós mesmos entendemos.
Sim, quanto ao livre arbítrio, acredito estar certíssima e convicta. Só que, defina pra mim o que é o livre arbítrio?
Antes de eu mesma responder essa pergunta vou contar uma história:
A história do condicionado e da condição.
Desde que eu nasci, como mulher, fui educada de determinada forma.
Na escola me diziam que meninas devem desenhar flores e meninos carros, caso contrário a criança é um "candidato a homossexual".
Meninas não podiam jogar futebol com os meninos.
Quando te perguntam sobre o que você quer ser quando crescer, as possíveis e comuns respostas eram: Jogador de futebol, astronauta, médico (a), modelo fotográfica, veterinário (a) ou professor (a).
Crescemos e vamos aprender sobre o corpo. Um tabu tão enorme, que quando a professora fala "pênis" ou "vagina", a reação dos alunos é rir desesperadamente de vergonha alheia.
Aí falamos de sexo, educação sexual e a política (patética) de prevenção da gravidez indesejada do governo. Aprendemos que podemos ter relação sexual (com uma pessoa do sexo oposto de preferência, porque com pessoas do mesmo sexo é "feio") e, que a mulher é naturalmente fértil após a primeira menstruação, portanto a gravidez pode acontecer, seja lá por acidentes ou por falta de prevenção mesmo.
Aí nós (mulheres), aprendemos os métodos de prevenção femininos e apenas um dos métodos masculinos, que é a camisinha que todos conhecem. Nos entupimos de lixo industrial, que é essa ***porcaria*** de anticoncepcional, que nos deixa instáveis e com os hormônios insanos, mas que nos dá uma pequena segurança durante o ato sexual.
Tudo que nós (mulheres) temos é MEDO.
Medo de engravidar e de estragar tudo. Estragar os estudos pra faculdade, estragar a barriga, medo de receber críticas que doem. Medo de ser expulsa de casa, medo de ser rejeitada pelo parceiro, medo de estar totalmente sozinha.
MEDO MEDO MEDO MEDO MEDO
Por quê tanto MEDO? Engravidar é tão natural quanto menstruar, tão natural quanto se apaixonar...
No meio do caos ainda nasce vida! Ainda somos férteis, porran, não é lindo?
Não! É foda! Ter essa responsa toda nas costas por simplesmente ser quem eu sou...
Mas olha... O condicionado sobrevive com base na condição.
Aí entra o fator social da coisa, que é a condição.
Seja você rica ou pobre, tenha seus pais ou não; esteja bem de vida ou não: Se engravidar antes de determinado tempo, você vai pensar em abortar.
Não que você necessariamente vá concluir o ato do aborto, mas você vai pensar. Porque você está CONDICIONADA.
Vai se sentir burra, culpada, infeliz e tudo de mais lixo que possa existir. Porque é triste não ser bonita aos olhos sociais, é triste, além de ter que enfrentar o problema financeiro da coisa, ter que enfrentar uma corja de gente mal amada te dizendo coisas do tipo:
-Ah, agora já foi né, tá feito! Que venha com saúde então.
-Nossa mas você é tão nova, tão bonita, você sabe que vai acabar com a sua vida né? Vai ficar gorda e com estrias... Mas... Parabéns (rs).
E tantos outros, mas acho que todo mundo já entendeu.
Algumas das mulheres cedem a essa condição e, decidem ir à uma clínica de aborto (porque dificilmente, numa gravidez não esperada, as mulheres sabem que estão grávidas antes de passados pelo menos dois meses) e, nesse caso quase sempre é necessário procedimento cirúrgico. Remédios resolvem as vezes, mas é um risco muito maior a se correr.
Bom, agora que entendemos (ou não, aguardo nos comentários) as condições a que somos submetidas, vou explicar o fator "livre arbítrio" e o fator "vida".
O livre arbítrio, sem mais delongas ou formalidades, é o poder de decisão que nós temos sobre nós mesmos.
Que é daquelas de: religião, o que comer ou não comer, com quem transar, com que roupa sair de casa, o que considerar repulsivo e o que considerar tolerável, se sentir bonito ou feio, que festas ir, com quem conversar, sobre o que conversar e blá blá blá..........
MAS: Tudo isso, sem que você interfira na vida alheia.
Não é porque você acredita em alguma coisa, que seu amigo também tem que acreditar. Não é porque você considera repulsivo, que você tem o direito de matar quem comete determinado ato. Não é porque você não gosta de maconha, que você tem o direito de bater no fumante ou tentar persuadir.
NINGUÉM tem o direito de interferir do livre arbítrio de outro alguém. Somos pessoas diferentes, com objetivos diferentes e perspectivas diferentes.
E se for a mãe e seu bebê?
Um feto, tem poder de decisão?
Bom, eu vou dar um exemplo similar a esse, pra tentar explicar melhor o que eu quero explicar.
Uma mãe tem seu filho, ele cresce um pouco e é diagnosticada uma doença super séria de má formação, que implica no resto da vida daquele novo ser: ele estará vivo, porém vai ser incapaz de mexer o corpo e a boca, incapacitando a comunicação, vai ser incapaz de ouvir também, portanto nunca vai conhecer o som das palavras. Lhe foi designada a sua situação, não terá tanto tempo de vida, cerca de uns dez anos, ou menos...
O que a mãe vai fazer diante disso? Ele é por lei incapaz de tomar decisões por si portanto cabe a mãe fazê-lo.
E ainda tem a comunicação, que será praticamente impossível.
Ela pode pensar em poupar uma breve passagem, mas que será de algum sofrimento, com a morte imediata daquela criança (por assassinato, não importa o método). Seria uma "solução".
Mas ela NÃO PODE. Por mais que ela queira evitar o futuro sofrimento do seu filho.
Isso não é imposição "conservadora", isso é a natureza básica das coisas.
E quando alguém diz: -É melhor abortar do que ter filho pra ficar sofrendo jogado no mundo....
Porque alguém tem o direito de interromper a vida de outro alguém? Seja lá em que estágio de vida este ser esteja, É CRIME.
A sua vida, saudável, instável e correta, pode ser bem mais triste do que a vida daquela criança que nasceu doente ou, de uma gravidez indesejada.
Devemos respeitar o caminho de todos, o destino de todos!
Por quê viemos ou, pra que estamos, é de conhecimento nosso, somente nosso. Assim como se deve respeitar o direito da criança que nasceu doente mas que foi muito desejada por sua mãe e pai, também se deve respeitar o início da vida de um ser que não pode se expressar em palavras ainda.
É o destino de uma criança que está em formação, que precisa apenas do abrigo no útero da mãe pra nascer e conviver de fato na nossa sociedade.
É uma vida que está se formando.
O livre arbítrio já não é mais livre arbítrio quando interferimos nesse mesmo direito que tem o outro. 
E quando perguntam assim: -A vida da mãe vale mais que a vida de um feto???
POXA VIDA.
Resposta: AS DUAS SÃO VALIOSAS. As duas tem o MESMO VALOR.
Ninguém deve morrer, todos devem viver.
A não ser que em sã consciência a pessoa queira se matar, por qualquer que seja o motivo . Tu faz o que quiseres com seu corpo! MENOS, quando você tem outro corpo sendo gerado dentro de você. Por que aí não é mais só você, tenha a fineza de esperar nove meses para se matar...
Eu defendo o livre arbítrio, de qualquer que seja o indivíduo ou forma de vida.
Eu defendo a liberdade desses discursos conservadores, defendo a liberdade desses discursos extremistas. Defendo a vida, desde quando ela está se formando.
Eu defendo a natureza, defendo o direito das formigas e das baratas!
Não se trata mais do direito do forte e do fraco, do capaz e do incapaz.
Somos todos iguais, a partir do momento que a vida é consumada, ela tem tanto direito de viver quanto você, que já nasceu ha algum tempo.



Veja bem, não existem apenas dois pontos de vista. Esse lance de discutir aborto e qualquer outro tabu existente, pode ser discutido de uma perspectiva menos DIREITA OU ESQUERDA. Sejamos HUMANOS, sejamos LIVRES de um vez por todas!

Lua Rodrigues