quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Balanço do ano!

Saudações, galera!
Pois é, chegamos ao último dia do ano, última postagem do ano. Vamos fazer um balanço do nosso primeiro ano de existência como companhia artística.

Foi um ano cheio de conquistas para nós e muita gente esteve conosco!

Tudo começou a partir da decisão. Dentre muitos projetos, optamos pela publicação de “Porta Encostada - Entre a Resiliência e a Obsessão” e pela conjunção de trabalhos para além desse livro. A exposição “Intimidade” acompanhou todos os lançamentos do livro em saraus. Obrigado, Renato Gonda, pelo maravilhoso prefácio.












Em Abril, subimos a São Francisco Xavier para participar da Feira Literária do Vale do Paraíba, onde encontramos o Sarau do Binho que sempre nos recebe de braços abertos, agradecemos a oportunidade, Binho!!!

Em maio começamos esse blog, que está sendo um sucesso. Participamos da Tenda Literária da Virada Cultural!!! Agradecemos ao convite!  

Literatura, Pintura e, para completar nossa tríplice, Teatro.
Em Junho, desenvolvemos a nossa 1ª performance para uma edição especial do Sarau Juntos na Casa, sarau erótico. Seguimos o tema e, da sensualidade ousada da lira,  criamos “Espelho“. A performance também acompanhou os vários lançamentos em saraus. Neste mesmo mês, Lua expôs parte de sua exposição no Sarau da Educação e Cultura de Osasco, durante uma verdadeira “invasão” embuense. Gratidão povo de Osasco pela receptividade sempre disposta a nos receber.   

Em Julho, Fizemos o lançamento do livro e a 1ª exposição das obras da Lua. Nossos eternos agradecimentos a todos os amigos que participaram do sarau, à Biergarten Choperia, e a Najara Sampaio e Anderson Baraúna, a nossa equipe de divulgação.



A nossa “Porta Encostada” nos abriu muitas portas e tivemos vários relançamentos entre agosto a outubro, participamos das bienais do livro e das artes! Nossos sinceros agradecimentos aos irmãos dos saraus: CorpoOralMente, Sarau da Kambinda, Práçarau, OqueDizemOsUmbigos, Sarau da C&A de Artes Balu, Sarau da Serra, bem como a equipe da All Print Editora, que nos ajudou durando toda a Bienal do Livro.

Em agosto abrimos a página “EdLua.Artes’’, no facebook, que hoje conta com mais de 350 curtidas!
Também abrimos o canal no youtube “EdLua das Artes”, com vídeos de algumas das nossas passagens.

Em outubro estreia a performance “O Brilho de Uma Alma”, em plena Diretoria Regional de Educação do Campo Limpo, para supervisores gerais. Gratidão, Marcos Rodrigo da Rosa!
Também no mês de outubro, fomos ao Encontro Regional de Autores do Litoral Norte, em São Sebastião. Gratidão a Maria Angélica de Moura Miranda!
E, fechamos, por conta da nossa gravidez; a temporada de “Espelho” no sarau da Kambinda.

Em novembro, apresentamos “O Brilho de Uma Alma”, na escola M’Boy Mirim I. Participamos da XIV Feira de Artes de Sta. Tereza, com uma nova performance chamada “Arte, Mulher Madura” na noite Árabe na Casa de Cultura Sta. Tereza e com uma barraca de exposição e venda na feira. Nesse mês, também, iniciamos a produção de camisetas poéticas.



Em dezembro apresentamos, novamente, “O Brilho de Uma Alma” na DRE, para professores especializados em educação inclusiva. Fizemos uma temporada nos saraus divulgando a performance “O Brilho de Uma Alma”, nosso blog e página do facebook e nossos produtos artísticos, passando por: Sarau da Kambinda, Sarau do Binho, Suburbano Convicto, Cooperifa, Práçarau e Sarau da Serra. Gratidão a Takumi Matos, por ter nos acompanhado nesse rodízio de saraus!

Saldo do ano: Um novo livro, uma exposição, três performances e metas atingidas em todos os veículos de comunicação! O novo livro recebeu ótimas críticas!!

Para 2015: Já temos o nosso primeiro compromisso marcado dia 3 de fevereiro (Lançamento do livro Porta Encostada, no sarau Suburbano Convicto).
No blog, como já fizemos com o livro “O Ogro e a Tecelã, de Hilda Milk (Guerreira Xue), faremos críticas dos livros adquiridos no Escambo EdLua!


Os livros são:
Terra Fértil, de Jennyfer Nacimento
A Vida é Bélica, de Jonas Worcman
Viver: Crônica de Vidas, de Hilton Luz
Praga de Poeta, de Victor Rodrigues
Dentre outros...

Em breve sairá a nossa entrevista no blog Ler, Analisar e Entender de Hilton Luz.

Além disso, novas exposições, camisetas, performances... Vamos correr atrás de patrocínio para o nosso novo livro, Luz de Prata, que conta a nossa história. Com ilustrações de Lua Rodrigues.

Para quem quiser, nos contactar e nos contratar o e-mail é edelua.artes@gmail.com  



Desejamos a todos um próspero ano de 2015! Sigamos todos juntos neste ciclo que se abre! 

EdLua.Artes 

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Sobre a evolução da performance “O Brilho de uma Alma”

De vez em quando, é interessante parar pra pensar no processo que leva ao aprimoramento de um objeto artístico. O processo da performance ainda aberta é um dos mais interessantes. Usarei como exemplo, o nosso recente trabalho: “O Brilho de uma Alma”.

Abaixo, trecho da performance. registrado por Saulo César Paulino Silva no lançamento de seu livro:  "Olhares sobre a inclusão"



A performance teve o início de sua concepção no mais puro ócio criativo. Havia acabado a luz em minha casa e, por já ser noite cerrada, estava escuro. Minha família já estava dormindo, mas minha mente ainda estava ativa demais pra cair no sono. Peguei então a lanterna e me pus a recitar o poema “José” de Carlos Drumond de Andrade. No início era pra passar o tempo, mas logo percebi que, existindo um público, eu poderia  estabelecer uma relação entre o texto e foco de iluminação da lanterna. Isso aumentaria a potência imagética do texto, uma vez que o foco de luz estabeleceria uma comunicação direta com um espectador especifico, funcionando como um apelo de atenção individual e, ao mesmo tempo, ampliando a atenção dos demais expectadores às informações auditivas que estão sendo enviadas.

Foco de luz na mão do ator é um recurso ainda pouco utilizado e que garante uma incrível gama de possibilidades artísticas.

Usei exatamente este texto e este recurso de iluminação numa performance no Sarau da Cia. de artes Balú, em Carapicuíba, no dia 27/9.

Com o resultado satisfatório do recurso, decidi empregá-lo a um texto de autoria própria que pudesse criar um diálogo ainda mais íntimo e questionador com o público. O texto escolhido foi “Olha pra Gente”; texto escrito em 2012 que, na minha visão, trabalha com múltiplos aspectos da vida e opõe a lógica do sistema a uma maneira mais humana e mais espiritual de se experimentar as coisas que constituem nosso cotidiano. Esse texto busca, em linhas gerais, desfazer a mecanização dos atos e das palavras.

Neste mesmo período (era Setembro do ano vigente), havia escrito um texto, o “Escafandro em Curto Circuito”, onde ocorre uma intensa reflexão interna sobre o convívio pessoal e social com as limitações físicas que possuo.

Abaixo, um trechinho da apresentação do referido texto no Sarau da Educação e Cultura. Registrado por Eduardo Rangel.



Aconteceu de coincidir com a descoberta do recurso e a elaboração do texto supracitado a minha contratação pra finalizar uma palestra sobre altas habilidades na Diretoria Regional de Educação de Campo Limpo, por parte de Marcos Rodrigo da Rosa, meu ex-professor de língua espanhola, nos tempos de Colégio de Vanguarda, que hoje trabalha na DRE. Tinha 20 minutos pra fazer a performance no evento, que ocorrera no dia 9/10, e a vontade de fazer algo inovador, surpreendente, provocativo e, ao mesmo tempo, reflexivo e desafiador pra mim mesmo. Algo que desconstruísse paradigmas, fosse socialmente útil e artisticamente inexplorado. Além disto, queria algo que incomodasse o público.

Resolvi, então, que o primeiro passo seria realizar todas as características acima dentro de mim. Após um estudo apurado das minhas apresentações anteriores, descobri que apenas um tema do meu acervo ainda permanecia enterrado no arquivo dos tabus não trabalhados. Era hora de abrir a minha intimidade e falar de questões referentes à paralisia cerebral.     

Juntei, então, os dois textos somados ao recurso da lanterna, sendo que empreguei-o de maneiras diferentes entre os textos. No primeiro texto, “Olha pra Gente”, utilizei a luz como descrito acima, isto é, pra estabelecer um contato; já pro segundo texto, “Escafandro em Curto Circuito”, utilizei a lanterna como iluminação de cena, claro, com o significado abstrato de ser o brilho fraco e constante de uma alma limitada.

           Faltava o arremate de cena. O arrebatamento. O último choque. Optei por “A Caixinha Mágica”, um texto já firmado em minha mente e que mostra, metaforicamente, toda a liberdade obtida ao se entrar em contato com a essência artística do ser humano. Além da segurança de já ter feito o texto milhares de vezes, achei que ele encerraria a performance de um modo sutil e emocionante. Pra minha surpresa, só vim a descobrir a real dimensão d“A Caixinha Mágica” quando a integrei nessa performance.

A poesia, inicialmente escrita pra traduzir o sentimento de saudade de um tempo passado que pode ser alcançado através da arte, em 2011, finalmente revelara sua face adulta, onde denota conotativamente os sentimentos de ânsia por fazer aquilo que o corpo não permite. A poesia ainda remete a um desejo de conciliação entre a alma (essência capaz de desejar) e o corpo (matéria capaz de concretizar desejos). Em outras palavras, a poesia da voz à alma, opondo-se ao texto anterior, “Escafandro em Curto Circuito”, que dá voz ao corpo, mostrando as dificuldades pra expressar tudo o que a alma deseja.    

E com essa seleção, apresentei, com sucesso, a 1ª versão!

No entanto, me senti descontente com o final, faltava alguma coisa. Eu queria algo mais provocativo e chocante artisticamente e lembrei-me de incluir uma reflexão sobre o que os aplausos significam pros artistas.

Aplausos instantâneos me incomodam muito, pois considero que a verdadeira força da arte só pode ser realmente sentida quando se consegue causar alguns instantes de silêncio. Por isso, inclui ao final da performance o texto “Sobre as Palmas que Vocês NÃO Vão me Dar”. A ideia inicial da interpretação era reflexiva, porém, com o processo de exploração cênica, percebi que o tom de indignação, asco e até raiva pelas palmas recebidas se encaixa melhor ao texto e causa mais impacto ao público. Este texto fecha a performance de maneira mais incisiva e mais questionadora.

Ainda é cedo pra falar convictamente, mas creio que, considerando a ligação sutil e surpreendente entre os quatro, estes textos formaram o esqueleto textual dessa performance. Outros textos que venham a ser acrescidos a esta seleção, virão no sentido de evidenciar a ligação entre eles, creio eu; bem como mudanças de ordem cênica, por exemplo, no tom, na representação física ou mesmo na sequência textual virão na tentativa de acentuar os sentimentos que queremos transmitir.

Apresentei mais duas vezes, já com os quatro textos, uma na escola M’boi I, a pedido de uma das supervisoras que me assistiu apresentar a 1ª versão, e outra na Casa Amarela, num evento cultural, ainda em formato monólogo. Ambas as apresentações foram muito bem aceitas pelo público, mas eu ainda não estava nada satisfeito com o plano da expressão física da cena. Me sentia preso, o que, de certa forma, combina com a ideia geral da performance, mas eu sentia que ela poderia atingir mais e melhor o objetivo planejado se tivesse uma expressão corporal mais rica e mais diversificada. Pensei que precisava de direção pra aperfeiçoar esta camada, no entanto e pra meu total espanto, a Lua quis entrar na cena.

Foi no Sarau da Kambinda, totalmente a improviso, que a Lua veio contracenar comigo nessa performance pela primeira vez e, como todo nosso trabalho cênico, desde o Grupo Artístico Co-Mídia Dell’Arte, foi sempre no sentido de representar partes de uma mesma pessoa, caminhamos por esse caminho instintivamente. Graças à nossa sintonia apurada, a cena foi brilhante mesmo não tendo qualquer suporte de ensaio ou combinações prévias. Esse sarau, especificamente,  nos dá a possibilidade de experimentar de maneira muito natural, pois tem um clima muito familiar de intimidade e acolhimento!

            Após esse improviso, percebemos que a cena só tinha a ganhar com a presença da Lua, mas os ensaios se tornavam imprescindíveis, uma vez que precisaríamos descobrir as potencialidades cênicas que poderíamos explorar. Feita a divisão do texto e trabalhando tom de voz e expressão corporal, foi se afirmando cada vez mais claramente para nós que nossos papéis seriam novamente partes propositalmente separadas em cena pra que se torne visível a complexidade existencial de uma só integridade.
           
Dessa forma, Lua representa a alma, o universo íntimo, o brilho interior, a pureza das emoções e das ideias; cabendo a mim, portanto, a manifestação do corpo, contido pelas limitações físicas evidentes e pelo convívio em sociedade. O tom irônico que é empregado por Lua e contrasta perfeitamente o tom quase sempre sereno que eu utilizo, é, acima de tudo, uma demarcação de como a alma interpreta o que o corpo recebe, experimenta e transmite.
           
Este maravilhoso processo ainda está sendo explorado, creio que ainda não atingimos nem sequer a metade do que é possível em termos artísticos. Mesmo assim já caiu no agrado de muitas pessoas, pois já foi apresentado no Lançamento do livro “Olhares sobre a inclusão”, organizado por Saulo César Paulino Silva, e novamente na DRE Campo Limpo pra professores de salas de apoio à inclusão, além, é claro de estarmos apresentando um pequeno trecho dela em saraus. Trabalharemos muito nesta performance ainda, mas estas linhas gerais tendem a ser mantidas.

Abaixo, trecho de "Olha pra Gente", gravado por Takumi Matos, no Sarau Suburbano Convicto.


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Galera, temos dois avisos para dar:

  1. Dentro de alguns dias, será publicada uma entrevista conosco no Blog Ler, Analisar e Entender, do nosso querido Hilton Luz, autor de “Viver – Crônicas de Vida”. Neste blog, ele divulga muitos artistas, através de entrevistas inteligentes e muito bem trabalhadas. Vale a pena conferir o trabalho e, claro, a nossa entrevista.  
  2. A EdLua.Artes fará um breve recesso para o natal. Do dia 23 ao dia 28 desse mês, nós estaremos em férias. Então, desejamos a todos os nossos leitores e simpatizantes um Happy Yule e que seja repleto de boas energias, muitas partilhas e momentos de paz e reflexão!

Abraços da noite e beijos de prata!

Ed&Lua

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

"Porta Encostada" por Marcos Rodrigo da Rosa

Edgar e Marcos rodrigo da Rosa

Recebemos ontem por e-mail a brilhante e conceituada crítica de nossa amigo Marcos Rodrigo da Rosa. Ele fala sobre nosso livro "Porta Encostada - Entre a Resiliência e a Obsessão" com maestria e precisão de um perfeito crítico literário.  Leiam-na a seguir... Agradecemos imensamente a crítica e a interatividade, Rodrigo! 



"O livro de Edgar Izarelli é um livro de comunicação: o poeta comunica, tal como os românticos dezenovistas,
as dores, sentimentos, prazeres de seu coração. É um livro de sensações: herança tardia dos simbolistas, traz na sua prosa poética os eflúvios, cheiros, aromas e sabores, a languidez do despertar, a inebria do sonho e dos sonhos.

É um tratado de psicologia, pois explica, explicita os mecanismos do pensamento, da paixão, do desejo; as infinitas elocubrações da racionalidade ante a paixão que lhe arrebata, ante os sentimentos que lhe contorcem o cerne.

É um livro de prosa poética. Uma prosa deliciosa e cuidada, tal qual a de Prost, tal qual Eça de Queiroz.

Poucas são as poesias genuinamente poesias. "Entre a Resiliência e a Obsessão" é um acerto, um achado de perfeição e cinzel de poeta escultor: a rara perfeição entre a racionalidade e o sentimento, o achado esculpido entre poesia e a prosa."

Marcos Rodrigo da Rosa.

Gostariamos de lembrar que adoramos essa interatividade com nossos leitores por temos esse espaço para depoimentos sempre aberto para quem quiser nos mandar críticas sobre qualquer trabalho nosso. Nosso e-mail é: edelua.artes@gmail.com

Também por esse e-mail recebemos encomendas de livros, pinturas, contratações para performances e palestras e a partir de agora recebemos encomendas de camisetas poéticas. Convido-os a conhecer essa nova arte na nova página do blog: Guarda-Roupas Ed&Lua 

Abraços!      


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

"Porta Encostada" por Marcos Rodrigues

Lua, Ed e Marcos Rodrigues
O poeta Marcos Rodrigues, que tivemos a honra de conhecer durante o Praçarau realizado na Bienal de Artes, no dia 8/10 deste ano, acaba de nos presentear e permitir a partilha do texto abaixo falando sobre suas impressões a respeita do nosso livro "Porta Encostada - Entre a Resiliência e a Obsessão" Agradecemos o texto de todo o coração, Marcos!    


"Ele deixou a porta aberta. Eu que sou muito curioso, não me contentei em apenas saber que a porta estava aberta, quis ir mais além. Saber o que tinha dentro daquele universo que resolvi nomear de sala. Dei um passo; acabei descobrindo que naquela sala cuja porta estava aberta, havia uma dor, mas era uma dor amiga, que nunca o deixou a sós e melhor ainda! A ausência com ele compartilhava, e nesse compartilhar dei mais um passo; vi que era somente compaixão, ninguém o entendia e às vezes entendia até de mais! Devido ao cansaço, resolvi cochilar um pouco e percebi que é estranho despertar em corrente de sonhos, liberdade turbilhão. Era só um sonho... Acordei e como é bom ter e ser amigo. Pouco a pouco fui me tornando parte daquilo, aprendi novos significados, ganhei um novo dicionário de sentimentos. Ser grato, ou ter gratidão mesmo sabendo que quem ama está longe, agradecemos pelo simples fato de existir neste louco universo. Na poesia nos confessamos que a saudade é tamanha, mas tem que deixar ir quando realmente ama. Me pego racionalizando, é a saudade que mais uma vez vem se aproximando. Confabulações de escape, perdidos num mar de sentimentos e sentidos, nem vejo a hora passar e quando adormeci já era noite. Agora que acordei, pensando que tudo tinha se resolvido era tarde, “boa tarde!” Ainda perdido entre o tempo e espaço, surge à poesia inesperada da madrugada, ao amanhecer, entrego-me de corpo, alma e coração. A poesia conversa comigo e dentro da sala encontro mais um vão. O assustado! O tempo que passei naquela sala me tornou parte dela. Assustei-me, pois aprendi a viver com tudo isso. Foi o melhor que pude ter ou ser, perder passados não significa muito a não ser ganhar liberdade. Passei a observar cada detalhe daquela sala, mesmo os meus olhos não sendo tão bons puderam ver belos quadros com uma assinatura que dizia ser da lua, mas não a lua que ilumina a noite, mas a Lua Rodrigues que iluminava e segurava a mão de quem entrava naquela sala. O recomeço “Dama do outono.” Os ventos do outono sopraram mais vida para dentro da minha alma, mais sorrisos para os meus lábios, mais coragem para descobrir uma janela e abri-la para que o vento entre com mais velocidade e não só pelas frestas da porta. O cheiro de terra molhada subiu nas minhas narinas, eu pude ver a mãe natureza, ô que beleza! Foi maravilhoso, mas a noite de insônia acabou com a minha irrealidade, deixando-me sem travesseiros, sem cama, sem sonhos para serem sonhados, restou apenas o dia, o bom dia... O todo que estou sentindo e finalmente tudo resolveu voltar para os seus devidos lugares. Só era a saudade que não consegue ficar quieta. O clichê de a saudade identificar-me com palavras novas, mas tudo gira em torno da falta de algo, quando não estamos com quem amamos e de repente mais uma noite de insônia. Lembranças de abraços e palavras amigas que serviam de consolo, nada disso tiveram aquela noite. Deparei-me lendo um livro de poesia para tentar me encontrar ou me perder mais ainda e já era dia, hora de acabar com aquela agonia Por mais que não tivesse abraços, tive que voltar a dormir com quem eu imaginava estar ao meu lado, com os olhos que tantas vezes brilharam, posso ter certeza de que o que foi sonhado acaba de ser acabado. Esse mundo fechado já acabou faz um tempo, vai tentar entender por quatro estrofes desconexas? Saí dessa! Aprendi que devemos viver com críticas, elogios e todas essas coisas. Essa felicidade que me deixou perdido no tempo e os minutos passam-se. Encontro-me com o silêncio que havia desejado e pude pensar em quem amo e quem sempre esteve ao meu lado, abro os olhos, emocionado com a boca cheia de palavras e uma frase que eu também posso dizer: “Eu sou teu!” Como é bom o teu abraço, e ser iluminado pela luz daquele olhar, ser aquecido pelo calor daquele corpo, me resta um pouco de contestação. Tudo me prova que estou vivo para viver e parar com as lamentações. Se isso é sabedoria, arte, delírio, liberdade ou apenas vazio, já não sei definir! Passaram-se vários dias, percebi que a cada dia sentia-me mais ligado aquela sala. Pude perceber que no inicio era uma porta encostada e agora é uma sala que além de me acolher, me da inspiração e forças para seguir adiante! Tudo isso Edgar, eu devo a você, por uma leitura tão gostosa! Tão cheia de sentimentos, ainda não acabou... Equinócios em claro, “folha branca, primavera, madrugada” Entre dias e noites naquela sala, pude aproveitar tudo de bom que lá existe. Entre as noites de insônia e os dias claros como o sol, prontos para um novo recomeço. Obrigado Edgar Izarelli, li todos os teus recados e aprendi com você e a Lua que entre a resiliência e a obsessão, não devemos fechar a porta, é melhor deixa – lá encostada para que possam entrar e aproveitar o que está prestes a ser apreciado."


Marcos Rodrigues




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