Lua, Ed e Marcos Rodrigues |
"Ele deixou a porta aberta. Eu que sou muito curioso, não me contentei em apenas saber que a porta estava aberta, quis ir mais além. Saber o que tinha dentro daquele universo que resolvi nomear de sala. Dei um passo; acabei descobrindo que naquela sala cuja porta estava aberta, havia uma dor, mas era uma dor amiga, que nunca o deixou a sós e melhor ainda! A ausência com ele compartilhava, e nesse compartilhar dei mais um passo; vi que era somente compaixão, ninguém o entendia e às vezes entendia até de mais! Devido ao cansaço, resolvi cochilar um pouco e percebi que é estranho despertar em corrente de sonhos, liberdade turbilhão. Era só um sonho... Acordei e como é bom ter e ser amigo. Pouco a pouco fui me tornando parte daquilo, aprendi novos significados, ganhei um novo dicionário de sentimentos. Ser grato, ou ter gratidão mesmo sabendo que quem ama está longe, agradecemos pelo simples fato de existir neste louco universo. Na poesia nos confessamos que a saudade é tamanha, mas tem que deixar ir quando realmente ama. Me pego racionalizando, é a saudade que mais uma vez vem se aproximando. Confabulações de escape, perdidos num mar de sentimentos e sentidos, nem vejo a hora passar e quando adormeci já era noite. Agora que acordei, pensando que tudo tinha se resolvido era tarde, “boa tarde!” Ainda perdido entre o tempo e espaço, surge à poesia inesperada da madrugada, ao amanhecer, entrego-me de corpo, alma e coração. A poesia conversa comigo e dentro da sala encontro mais um vão. O assustado! O tempo que passei naquela sala me tornou parte dela. Assustei-me, pois aprendi a viver com tudo isso. Foi o melhor que pude ter ou ser, perder passados não significa muito a não ser ganhar liberdade. Passei a observar cada detalhe daquela sala, mesmo os meus olhos não sendo tão bons puderam ver belos quadros com uma assinatura que dizia ser da lua, mas não a lua que ilumina a noite, mas a Lua Rodrigues que iluminava e segurava a mão de quem entrava naquela sala. O recomeço “Dama do outono.” Os ventos do outono sopraram mais vida para dentro da minha alma, mais sorrisos para os meus lábios, mais coragem para descobrir uma janela e abri-la para que o vento entre com mais velocidade e não só pelas frestas da porta. O cheiro de terra molhada subiu nas minhas narinas, eu pude ver a mãe natureza, ô que beleza! Foi maravilhoso, mas a noite de insônia acabou com a minha irrealidade, deixando-me sem travesseiros, sem cama, sem sonhos para serem sonhados, restou apenas o dia, o bom dia... O todo que estou sentindo e finalmente tudo resolveu voltar para os seus devidos lugares. Só era a saudade que não consegue ficar quieta. O clichê de a saudade identificar-me com palavras novas, mas tudo gira em torno da falta de algo, quando não estamos com quem amamos e de repente mais uma noite de insônia. Lembranças de abraços e palavras amigas que serviam de consolo, nada disso tiveram aquela noite. Deparei-me lendo um livro de poesia para tentar me encontrar ou me perder mais ainda e já era dia, hora de acabar com aquela agonia Por mais que não tivesse abraços, tive que voltar a dormir com quem eu imaginava estar ao meu lado, com os olhos que tantas vezes brilharam, posso ter certeza de que o que foi sonhado acaba de ser acabado. Esse mundo fechado já acabou faz um tempo, vai tentar entender por quatro estrofes desconexas? Saí dessa! Aprendi que devemos viver com críticas, elogios e todas essas coisas. Essa felicidade que me deixou perdido no tempo e os minutos passam-se. Encontro-me com o silêncio que havia desejado e pude pensar em quem amo e quem sempre esteve ao meu lado, abro os olhos, emocionado com a boca cheia de palavras e uma frase que eu também posso dizer: “Eu sou teu!” Como é bom o teu abraço, e ser iluminado pela luz daquele olhar, ser aquecido pelo calor daquele corpo, me resta um pouco de contestação. Tudo me prova que estou vivo para viver e parar com as lamentações. Se isso é sabedoria, arte, delírio, liberdade ou apenas vazio, já não sei definir! Passaram-se vários dias, percebi que a cada dia sentia-me mais ligado aquela sala. Pude perceber que no inicio era uma porta encostada e agora é uma sala que além de me acolher, me da inspiração e forças para seguir adiante! Tudo isso Edgar, eu devo a você, por uma leitura tão gostosa! Tão cheia de sentimentos, ainda não acabou... Equinócios em claro, “folha branca, primavera, madrugada” Entre dias e noites naquela sala, pude aproveitar tudo de bom que lá existe. Entre as noites de insônia e os dias claros como o sol, prontos para um novo recomeço. Obrigado Edgar Izarelli, li todos os teus recados e aprendi com você e a Lua que entre a resiliência e a obsessão, não devemos fechar a porta, é melhor deixa – lá encostada para que possam entrar e aproveitar o que está prestes a ser apreciado."
Marcos Rodrigues
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