segunda-feira, 26 de maio de 2014

Aventuras Em Osasco



           Galera!

Na noite do dia 24 de maio, foi celebrada a 50ª edição do Sarau da Educação e Cultura de Osasco. Infelizmente houve uma falha de comunicação e a Lua não iluminou o meu céu naquela.. Bom, nem o meu nem o de ninguém, pois aqui, na região metropolitana de São Paulo, estava nublado e frio...
            Essa edição do sarau foi muito interessante por vários aspectos, inclusive externos ao evento, mas que fizeram parte da aventura que foi, para mim, comparecer.
            O sarau deste mês não foi realizado no local costumeiro, no entanto, nossa aventura (estava acompanhado por minha mãe, Denise Oliveira) começa no Centro de Formação de Professores daquele município, onde é habitualmente celebrado este grande encontro de artistas. Lá pegamos um ônibus escolar para chegar ao Parque Chico Mendes que foi palco da edição mensal do evento.
            Tivemos duas gratas surpresas ao chegarmos no Centro de Formação: o ônibus estava lá (estávamos atrasados) e era adaptado para deficientes! Primeira vez que ando de ônibus adaptado na vida!
Emoções à parte, agora é hora de voltar a falar de acessibilidade. Andando nesse ônibus, pude fazer algumas considerações que as fotos me ajudarão a explanar. Bom, assumindo que exista um padrão para se fazer ônibus adaptados e que o padrão seja o do ônibus mostrado abaixo, pode se deduzir que um deficiente visual acompanhado de cão-guia e um cadeirante nunca poderão utilizar juntos o mesmo coletivo.







Vejam bem, o espaço que uma cadeira de rodas ocupa é mesmo espaço reservado para o cão-guia que deve permanecer sempre ao lado direito de seu dono para guia-lo adequadamente. Mesmo que o cão pudesse sentar na frente do dono, a cadeira de rodas nesta posição impediria que o assento reservado ao deficiente visual baixasse. Verdade que existem cadeiras de rodas menores que a minha, mas um transporte público deve ser adaptado para todos os tamanhos de cadeiras, sem que interfira na acessibilidade de outrem; afinal, é público.
Isso reforça minha teoria de que certas  deficiências são mais aceitas que outras. A maioria das adaptações de caráter público, obedece a padrões que tornam lugares acessíveis a paraplégicos, mas não levam em consideração as paralisias cerebrais. A maioria dos paraplégicos usa cadeiras de rodas mais compactas por terem a mobilidade dos braços e do tronco preservada. A coisa muda quando a pessoa tem paralisia cerebral coreoatetóide, que é o meu caso. Este quadro apresenta movimentos involuntários em todo o corpo, por isso precisamos de cadeiras de rodas maiores que mantenham o equilíbrio mesmo com espasmos bruscos. Essa diferença já me causou transtornos para usar o banheiro adaptado de uma padaria, por exemplo, pois a porta era pequena de mais para a minha cadeira, já para uma cadeira mais compacta era perfeita.   
 Voltando ao caso dos ônibus adaptados, pensei na possibilidade do deficiente visual utilizar outro assento normal, mas logo percebi que seu guia atrapalharia o trafego no corredor.
A prórpria placa indica que deve uma escolha, pelo uso da palavra "OU"...   
Então ficam as perguntas: que inclusão seletiva é essa que só inclui um por vez? E, em caso de haver um deficiente visual e um cadeirante no ponto, querendo pegar o mesmo ônibus no mesmo horário, como e quem resolveria o impasse? A quem dar prioridade?
Bom, feitas as considerações políticas, sigamos ao sarau, que foi realizado numa tenda semelhante a um circo, para ressaltar brilhantemente o tema proposto: “Um pulo no quintal da imaginação”. A homenagem às crianças veio no mês das mães nesse ano! Inovação com conteúdo filosófico: “Mãe só é mãe porque teve crianças!”
Falando em inovações, essa edição trouxe uma nova perspectiva inclusiva, agora sim digna de aplausos, interprete em LIBRAS! GENIAL!!! A organização está de parabéns! Inovações assim a gente agradece e engrandece!!!
Este sarau teve a regência da incrivelmente MULTItalentosa Vera Lof, apresentou o sarau e encerrou com uma interpretação teatral improvisada de " O Carroção Mágico" com as participações de Fabiana Mina, Daniele Leite  e na trilha sonora Filipe de Freitas (Filósofo, professor, músico e compositor).
O sarau brindou os espectadores desde o começo. A abertura foi uma magistral apresentação do grupo Mamui, contadores de historias, que interpretaram “A Menina e O Pássaro Encantado” de Ruben Alves, tema, também, do poema de Vera Lúcia G.Correia. Este conto me remeteu a memória do Sarau Tearte, organizado por Viviane e Andréa Neres, era o maior encontro de artistas da cidade de Embu das Artes. Foi onde comecei a me fascinar pelos saraus. Em uma das vezes que compareci a este lendário sarau ouvi, a mesma história dos lábios de João Batista Freitas... Sem exagero, foi uma das coisas mais impressionantes que já presenciei em saraus!
Não podia deixar aquele clima gostoso de nostalgia passar por mim sem que me tocasse. Mudei minha apresentação na hora e fiz a minha poesia mais clássica, “A Caixinha Mágica”, que estará no primeiro trabalho conjunto com Lua Rodrigues: “Porta Encostada – Entre a Resiliência e a Obsessão”
No sarau, ainda teve muita música com a dupla Valdir & Zizi e Chiquinho Alves e mais uma série de poetas e dança do ventre.   
Esse foi o Sarau da Educação e Cultura desse mês, mais uma vez parabenizo a organização pelo belíssimo trabalho!

Abraços

Edgar Izarelli



Fotos do Evento


Vera Lof

Andréa Leão (organização do sarau)

Valdir & Zizi + o baby Gabriel 







"O Carroção Mágico"





sábado, 24 de maio de 2014

Sobre ser vadia...




O título do texto sugere o que afinal?
Sugere algum conto, alguma experiência? Alguma roupa...
Algum pretexto?
Eu poderia colocar "Marcha das Vadias", mas achei um tanto provocativo essa quebra de conceito, por si só, da palavra VADIA.
Deu vontade de fazer uma introdução dramática, acho justo!
Infelizmente, hoje não pude comparecer a Marcha das Vadias, uma marcha feminista, anual e pacífica, que ressalta à luta feminista por respeito. SUPER ME REPRESENTA e é muito importante essa manifestação de conceitos, visando direitos das mulheres (transexuais, bissexuais, homossexuais e heterossexuais).
É muito especial o resultado dessa luta em nós. Fica difícil ser bonita, quando ser bonita é praticamente ser igual à uma pessoa que não se parece em P* nenhuma com você!
Poxa, são tantos padrões impostos, tantas regras de "bom comportamento" que nós temos que engolir a seco todos os dias. Fora o desrespeito: mão na bunda (sem consentimento), estupro, xingamento, submissão, desvalorização...
Pra quê serve o feminismo afinal?
Todos querem RESPEITO. Sejam cachorros, árvores ou pessoas.
Merecemos ser tratados com respeito e NUNCA desvalorizados por não nos encaixar nos padrões.
Existe a luta ambientalista, luta por moradia, luta trabalhista, luta racial, e sim... A luta FEMINISTA.
Feminismo é o nome dado à luta por direitos femininos. Não é uma exclusão de gênero, é o que é, ora!
Vivemos séculos de opressão, não só as moças, também os que tinham qualquer opção diferente do que é julgado puro ou certo.
É uma sequência de padrões, mas quem julga isso não é necessariamente quem dita as regras.
Ninguém dita as regras do corpo e da vida a não ser nós mesmos. Todo e qualquer ser tem o direito de viver da melhor forma possível. De ser feliz como e da maneira que pretender.
Não enquadrem minha alma, ela merece um espaço bem maior que um quadrado.
Estou definitivamente cansada, desses padrões escrotos!
Já descobri que eu pertenço ao meu padrão (e o meu é bem normal pra mim), não tenho vergonha de nada que visto, de nada que digo; de beijar, de amar, de pentear o cabelo ou não.
Se trata de ser feliz e a luta feminista foi um dos motivos de eu declarar a minha liberdade.
Falando um pouco sobre a marcha, agora.
Rola um preconceito IMENSO, por causa de? Peitos.
SIM, PEITOS.
Os peitos são a solução meus queridos! Todo mundo tem peitos, aceite isso.
Por quê as "minas" tem que andar por aí de sutiã ou camiseta? Mesmo que esteja um calor infernal, por quê é errado, uma mulher usar roupas curtas?
Os meus peitos não têm nada de mais especial a não ser o fato de eu ter a bênção de poder ser mãe e poder alimentar meus filhos com eles.
É tão sagrado, tão belo, quanto qualquer corpo.
Ah, e a bunda! Aí.. A minha é igualzinha a sua! Talvez seja um pouco menor, um pouco maior...
Todo mundo tem bunda, não há motivos para um cara violentar uma moça porque ela mostrou a bunda de mais. Não há motivos para ser xingada!
Tudo é corpo, tudo é sagrado. Merece respeito!
E as vadias, mostram as tetas no manifesto, porque esse é justamente o maior ato revolucionário que existe.
Ter CORAGEM de usar o corpo como arte; como fonte de qualquer crítica que seja.
É a maior forma de mostrar ao sistema patriarcal que "tamo pouco se lascando" pra sua opressão. Que entre os meus, eu POSSO fazer isso. Todos podem ver os meus peitos e vão respeitá-los (achando eles bonitos, ou não).
Não, machismo não é sexy.
Machismo mata.
Mata todos os dias, mata por dentro e por fora.
Mata pret@, branc@, índi@, pard@.
E ser vadia, é ser livre. É não ter vergonha do corpo, não ter vergonha de ser como é.
Meu cabelo é bom, é bom do jeito que é, é bom pra mim e me trás muito orgulho como mulher, que se ama e se respeita.
Minhas roupas são legais, tão legais assim do jeito que estão, eu uso saias curtas quando tenho vontade, ando por aí sem sutiã!
NUNCA quis e NUNCA vou querer ser estuprada, muito menos desejar isso à uma irmã.
Se eu quiser raspar os pelos eu raspo, se não estiver afim, não raspo. Não mereço de forma alguma, o desrespeito.
Fora padrões! Eu não quero ser loira, não quero passar batom vermelho hoje, não quero alisar meu cabelo nem quero fazer uma dieta pra emagrecer em um mês.
Tô declarando a minha paixão pela liberdade e pela luta, que é o que nos torna livres e artistas também!
Vadiar, é fazer nada.
(Nada que seja necessariamente o que se pediu pra fazer).
Sou VADIA, tô VADIA, continuarei VADIA.


Beijinhos de luz <3

Lua Rodrigues




Palestra na E.M.I. Anjinho - Taboão da Serra



      Galera, nesta manhã fria de 23 de maio, estive na E.M.I. Anjinho em Taboão da Serra, convidado pela coordenadora pedagógica Cintia Oliveira, para partilhar com os professores a minha experiencia como aluno portador de necessidades especiais.
      Como já é de praxe, iniciei o trabalho com uma poesia. A escolhida pra iniciar foi "Olha pra Gente",  por seu conteúdo reflexivo, especialmente o verso "Será que você tem mais amor próprio ou auto piedade?". Minha intenção com isso foi ressaltar o papel crucial do professor na formação psico-emocional da criança em geral, com mais ênfase nas crianças portadoras de alguma deficiência.
       Após esta breve abertura, a palestra tomou rumos inesperados... As professoras dessa escola são muito dinâmicas! Característica que tornou a palestra muito interessante devido também, à presença de minha mãe, Denise Oliveira, pois muitas das perguntas feitas foram direcionadas à ela.
       Nossa conversa seguiu até um ponto de impasse: Inclusão, seria mesmo a palavra mais correta para o que deve ser feito com pessoas que possuam algum tipo de deficiência? É um tema polêmico que eu fiz questão de levantar, pois a palavra "inclusão", semanticamente, significa: a ação de colocar algo dentro de um grupo. Só que colocar uma pessoa dentro de um grupo não é, na minha concepção pessoal, a mesma coisa que inseri-la ou integrá-la no sistema de relações que ocorre neste grupo. Mas, dentro da pedagogia e da legislação brasileira, a palavra "integração" carrega o sentido de incluir a criança numa escola ou em um local e esperar que a criança se adapte àquele meio.
      De acordo com o mesmo parâmetro, incluir pessoas deficientes é fornecer a elas espaços adequados, acessibilidade e condições relativamente parecidas às dos demais no sistema em que vivemos. É direito, de acordo com a lei 10.172 sancionada em 2001, que qualquer criança, com qualquer tipo de deficiência ingresse em qualquer escola pública. A lei em si é uma boa proposta, mas não funciona corretamente. Os professores sem especialização acabam ficando receosos ao tratar casos de alunos deficientes; muitos dos prédios que até hoje funcionam como escolas, foram construídos sem qualquer possibilidade de adequação, posto que na época de sua construção, há 25 ou 30 anos atrás, não se pensava na possibilidade  de deficientes ocuparem os espaços públicos de educação.
      A lei ainda tem outros pontos flácidos, como, por exemplo; a falta de estímulo a projetos multi-secretariais nas prefeituras para que essas pessoas sejam melhor INTEGRADAS ao meio em que vivem. Projetos como o de Integração Educação-Saúde de Ubatuba, do qual eu mesmo fui um dos atendidos e a escola especial da AACD; estão ficando cada vez mais raros, por causa da lei da inclusão...
      O Projeto Integração Educação-Saúde merece uma nota de como funcionava: uma E.M.E.I tinha uma equipe especializada e uma sala especial para receber crianças deficientes. A equipe contava com pedagogo especializado, fisioterapeuta, psicologa/psicomotricista e terapeuta ocupacional e assistentes de sala. As crianças atendidas pelo projeto tinham uma sala separada das outras e faziam suas terapias em paralelo às atividades curriculares, para melhoria da saúde e da condição física. Apesar das atividades e salas diferentes as crianças partilhavam espaços e horários comuns.
     Particularmente, me coloco contrário à divisão de salas que até hoje ocorre em algumas escolas; me parece irônico ter o direito de ser incluído a um espaço que segrega os inclusos. Entretanto, entendo que pra alguns essa divisão acaba sendo benéfica. Não são todos os quadros de deficiência que apresentam uma intelectualidade considerada normal e mesmo dentre os que tem condições intelectuais, não é raro acontecer falha na fala e na comunicação. Minha própria deficiência, a chamada Paralisia Cerebral tipo Coreoatetóide, que se caracteriza por movimentos involuntários por todo o corpo, em graus mais elevados, compromete brutalmente a fala e expressão facial, mesmo mantendo intelecto intacto. Eu mesmo possuo alguma alteração na fala.
   Na escola especial da AACD, eram diversas deficiências em graus muito diferentes que compartilhavam o mesmo espaço e cada um aprendia o que tinha condições de aprender, se assemelhando muito a uma escola da rede pública regular. A mesma matéria e capacidades diferentes de aprendizado. A diferença não era o professor especializado. O professor vai fazer a mesma função que deveria fazer em qualquer escola pra qualquer aluno em qualquer condição: ajudar na descoberta de potencialidades e indicar caminhos pra que seus alunos se desenvolvam. A diferença da AACD é que haviam de 2 a 4 assistentes de sala, que eram voluntários, para ajudar quem não conseguia escrever e havia uma pessoa paga pra ajudar nas necessidades fisiológicas.
   Se escolas públicas aceitassem esse tipo de trabalho, mesmo que voluntário, creio que casos de sucesso de deficientes na escola seriam menos raros e se tornariam até comuns. O estado poderia prover tradutores e professores de LIBRAS e Braile para as escolas públicas; inclusive, incluindo as duas matérias na grade curricular, ampliando assim a inclusão, uma vez que são línguas, como inglês ou espanhol. Penso até que poderiam ser incluídas dentro da disciplina de Língua Portuguesa.
   Estudei na AACD de 1998 a 2001, lá desenvolvi meu gosto pela literatura, graças à Professora Eliane O.M. Silva e seu projeto de escrever um livro de apresentação dos alunos pra nova escola pra onde iriam depois do último ano da AACD. Outra coisa que falta em escolas públicas, do estado de São Paulo, pelo menos, é a liberdade para que o professor exerça sua função da maneira que lhe for mais apropriada, por meio de projetos inovadores, como este, que me formou como escritor e poeta.
   Não sei como está a escola especial da AACD atualmente, mas até o ano passado tinha uma amiga que trabalhava voluntariamente por lá. Tentarei me informar...  
    Agora uma consideração final para os professores que receberem em suas salas um aluno deficiente. Não é necessário muito conhecimento extra pra que se realize um bom trabalho, antes de qualquer coisa é preciso perceber que, por mais que algumas deficiências sejam graves, quem está ali é um ser humano, tem as mesmas necessidades que qualquer outro aluno. Técnica nenhuma pode substituir a humanidade! É só procurar conhecer quem é aquela pessoa, como se faz com qualquer outro aluno. Estudei em escolas particulares e públicas, onde os professores não eram especializados, mas sempre se deram muito bem comigo. Adaptaram o jeito de aplicar as provas, cada um à sua maneira. Me ajudaram a resolver questões de convivência com colegas. Enfim, o que faz o professor não é especialização, mas a vontade de lecionar. Professores, a minha trajetória com os professores que tive me levou a entrar na USP, quantas histórias deste tipo podem estar se escondendo atrás de uma especialização? Verdade que o estado tem seu papel, mas as pessoas que formam a sociedade também tem. Quem sabe, não seja da mente de um deficiente aceito como aluno por vocês, que saia a lei que mude o sistema educacional pra algo melhor? Pensem nisto!
   Encerrei a palestra recitando "Medo, Nunca Mais" na intensão de quebrar o medo de agir.
   Escreverei textos mais bem organizados sobre os vários temas que abordei aqui.

   Se alguém se interessar pela palestra, entre em contato conosco.  

  Abraços

Edgar Izarelli

terça-feira, 20 de maio de 2014

Virada Cultural 2014


"Virada cultural cheia de emoções, me causando refluxos gástricos de palavras entusiasmadas! Começamos bem, assistindo ao sarau Tenda Literária, na Ladeira da Memória... Estruturas em geral foram bem montadas, não tivemos problemas com microfonia e outros bichos de palco, o que é bem bom e merece ser considerado. Apresentações enérgicas, com a galera das quebradas super representando como sempre. A beleza da arte marginal é indiscutível!!! Houve uma ênfase na poesia feminista, negra e pobre, o que é demais! Poesias muito bem interpretadas por quem sabe do que se trata, no dia a dia e por quem simplesmente não aceita engolir os sapos de todos os dias... Pessoas e suas histórias, sempre divinas e cheias de poréns e vírgulas, é mais do que necessário que nossas histórias sejam contadas, que nossas injúrias sejam registradas e estejam presentes em um evento de grande porte como a Virada Cultural, acredito que esse sarau tenha agradado à muitos espectadores com sua qualidade. Takumi Matos e Edgar Izarelli fizeram um diálogo teatral, com improvisos e palhaçada pra variar né rs. Com participação especial de EU MESMA, segurando o microfone pro chuchuzinho Ed. Acabando o sarau, iniciamos nossa jornada em busca de acessibilidade. Tem um detalhe que eu TENHO que contar: Quando chegamos, aproximadamente às 18h, fui no banheiro de um estabelecimento (pq banheiro químico é F*), usei o banheiro tranquilamente. Depois de uma hora mais ou menos, me cobraram 1,00 *UMA DILMA* para eliminar os líquidos alcoólicos em segurança. Aproximadamente às 03h da madrugada, tive que ir ao banheiro novamente; novamente procurei algum estabelecimento e me cobraram quanto? 3,00 *TRÊS DILMAS* para poder, novamente, eliminar líquidos alcoólicos. Mas poxa vida... Não há a mínima condição de mulheres usarem esse tal de banheiro químico, só queria ressaltar que faltam banheiros limpos. Eu não posso fazer xixi no poste ou numa árvore como alguns homens fazem, e mesmo que no banheiro, impossível usar aquilo sem pegar alguma doença. #Ficaadica para os organizadores. Quanto à acessibilidade para cadeirantes e deficientes visuais: não há. A cidade tem rampas de acesso, mas é "uma calçada sim, a outra, não", ou seja, você tem que alternar o trajeto até achar a rampa na faixa de pedestre. Fora os buracos ante e pós rampa, que não ajuda muito, a não ser que você queira dar umas cambalhotas. Sugiro que o Chico Brito ajude nessa questão, ele é prefeito de Embu das Artes, mas adora pavimentar as ruas mesmo sem elas precisarem. Principalmente em ano de eleição... Poxa, gastem esse dinheiro... Se não por nós; pelos gringos pra copa! Bom, houveram muitos obstáculos no curto caminho até a Praça Roosevelt. Quero, inclusive; parabenizar os amiguinhos farreiros, que sempre paravam suas farras nos bares para abrirem caminho para a cadeira passar, vocês foram super gentis, beijos s2 Não vimos arrastões onde ficamos, mas é evidente que foi uma noite violenta e é de suma importância que o público se conscientize e não arrume confusões em um evento que trás tanta arte (e tudo free). Mais respeito coletivo meu povo! Povo contra povo, é malss!! Vamos apropriar o espaço público em paz, usufruir dele em paz, afinal, é um dos poucos eventos que nos favorece tanto culturalmente em SP. Não sejam vítimas de si mesmos, nem do sistema... Vimos os especiais da banda Emblues Beer Band e da Cabaré Três Vinténs, que estavam participando do "Maior Festival de Jazz do Mundo: O Jazz na Kombi" (Uhul), que foi organizado de forma independente e com arrecadação de fundos no estilo chapéu de coco! A partir daí, só alegria!! Agradecimentos especiais à Takumi Matos, e à todos os amigos especiais que encontramos no trajeto.

Beijos de luz!!"

Lua Rodrigues

"Galera!
Conforme havíamos anunciado, a Lua e eu estivemos na Virada Cultural! Me sinto realmente satisfeito por termos participado de um evento tão importante para a cultura de toda a região metropolitana de São Paulo!
            Conforme anunciado, chegamos para participar do Sarau Tenda Literária que convidou o nosso amigo Takumi Matos e eu para a apresentação. Foi a nossa estréia no evento!
            O Coletivo Tenda Literária conseguiu se manter fiel a suas origens tanto no que diz respeito ao seu caráter itinerante (seus convidados vieram de diversas regiões da cidade) quanto ao critério temático de periferia. Poesias de cunho social de variadas vertentes dominaram toda a apresentação. Dentre os temas abordados, o feminismo foi o que mais se sobressaiu, contando com uma performance que me chamou muito a atenção, dentre tantas coisas geniais que presenciamos naquela noite, de Joelma Coutinho e Amanda Miranda. Utilizando como base a música “Geni e o Zepelim” de Chico Buarque, interpretada por Joelma, personificaram e deram voz à personagem Geni. Interpretada por Amanda, Geni expôs a vontade de ser livre em todos os aspectos de seu comportamento cotidiano sem que para isso precise enfrentar estigmas sociais.
            Outros temas abordados no sarau foram: a cultura nordestina, a igualdade racial e questões políticas. E outras apresentações também merecem destaque, como a cômica apresentação do cordelista Di Catarino, a original poesia de Vandei Oliveira, o Zé, falando sobre  Felicino; e a apresentação musical de Roger Duram, que chamou muita atenção das crianças presentes ao som do Blues.       
Como sempre, a apresentação que Takumi e eu fizemos foi a que mais se diferenciou, tematicamente, do restante do sarau. Mantivemos o tom de crítica tanto nos solos quanto na apresentação conjunta. No meu solo, fiz “Olha pra Gente”, uma poesia de minha autoria, que crítica a maneira como a maioria da sociedade capitalista ocidental pensa e age, mas no viés humano, não político. O solo do Takumi foram três diminutos textos, pensamento haikaista, sendo um de sua própria autoria, um de Renato Limão e um de Carlos Drumond de Andrade, todos falando do poeta e do fazer poético. Após os solos, apresentamos nosso “Diálogo Poético”, creio que estávamos com saudades dele. É um texto extremamente político, que faz várias alusões ás manifestações de junho/julho 2013. Encerramos a nossa participação com a ajuda da Lua (que ficou muito tempo me auxiliando a fazer a diplomacia com o microfone, não me dou muito bem com ele... Pois é, como a Lua diz: “Na frente de um grande poeta, há sempre sua mulher segurando o microfone!”) e do guitarrista Rico Neves, todo mundo cantando “Retrato“, canção composta por Takumi Matos e Euzébio Santos.
Após o Sarau, fomos à Praça Roosevelt. No caminho tropeçamos em algumas barreiras arquitetônicas. Sinceramente, fiquei bem surpreso com o que encontramos no centro de São Paulo! Em uma das ruas até cai da cadeira, quando a roda travou num buraco. Em outra, havia uma faixa de pedestres sem rampa de acesso e com um buraco enorme na outra extremidade; o que é mais estranho é que todas as ruas próximas deste local estavam adaptadas perfeitamente, exceto essa calçada. Me pergunto o que havia naquela calçada que fosse “proibido para cadeirantes”. A resposta óbvia: nada! O outro cruzamento da rua, que servia para atravessa-la, tinha a tal adaptação. Ou seja um cadeirante que estivesse sozinho teria de atravessar a rua, fazer o cruzamento do outro lado e atravessá-la novamente só por que esqueceram-se de fazer duas rampinhas... Tirando esse caso, que considero um escândalo, haviam calçadas esburacadas que são incômodas, porém inevitáveis, principalmente em tempo de manifestação política.
Como a minha Mistress Ironic já salientou em seu feed, aqui na cidade onde moramos, nosso excelentíssimo ditador parece não se importar muito com a legislação que garante acessibilidade, na nossa praça central tem uma vaga especial que fica ao lado de um poste! O Elevador do Centro Cultural está quebrado a um ano, funciona se alguém pressionar o dedo numa alavanca que eu, por exemplo, não consigo alcançar. Isso me faz depender de alguém para fazer o que antes fazia sozinho: usar o elevador.
       Voltando à Virada, conseguimos chegar na praça Roosevelt, onde prestigiamos “O Maior Festival de Jazz do Mundo”! Um evento paralelo, totalmente independente, de bandas de rua de Blues, Jazz e Jam do coletivo Jazz na Kombi. Nossos amigos da Emblues Beer Band estavam lá e nos receberam com máximo carinho! Ali fizemos bons amigos.
Ficamos nesse espaço alternativo o resto, talvez por isso, não tenhamos presenciado nenhum crime. Mas, ouvíamos sempre o alerta de “cuidado com seus pertences” que indicavam que estavam acontecendo arrastões. Infelizmente, enquanto a lógica dominante no mundo, for a lei absoluta do capitalismo, isto é: “quem tem mais posses tem mais poder e quem tem mais poder é mais feliz” crimes farão parte do nosso cotidiano.
Nos palcos dos saraus, parece que foi tudo tranquilo durante toda a virada, o policiamento naquela área central me pareceu maior. Pelo menos, ainda não ouvi relatos de enfrentamentos de grupos opostos. Pode ser um sinal de que o esquema de organização funcionou.
Foi muito especial para mim essa madrugada, quero agradecer a Lua e ao Takumi por estarem comigo naquela noite. Ao convite sempre bem-vindo do Tenda Literária. À Najara Sampaio, que correu contra o tempo para que a Lua e eu tivéssemos a possibilidade de divulgar nosso blog através de nosso cartão de visitas, a arte e a produção foram dela! Valeu, Na!!! Ajudou muito! Agradeço todos que conhecemos durante o evento! E claro, a todos que nos deram passagem para que eu pudesse transitar!
Abraços!"

Edgar Izarelli 



Fotos do Evento


















sábado, 17 de maio de 2014

Feedback Sarau da Serra de Maio.

E aí,  galera!
Ontem, dia 15 de maio, Lua e eu estivemos no Sarau da Serra, realizado mensalmente pelo grupo de poetas Itapoesia, de Itapecerica da Serra.
            Foi a primeira vez que a Lua foi a esse sarau, já eu era frequentador assíduo até meados do ano passado. Por este motivo, para mim foi um Sarau marcado por reencontros. É sempre bom ir a um lugar e saber que lá vai encontrar amigos de longa data.  Desta vez, tive a surpresa agradabilíssima de encontrar o Jukka Andrade, meu amigo desde a faculdade, por lá!
            Pude vê-lo no palco pela 1ª vez e fiquei, e ainda estou, bem impressionado com sua liberdade e agressividade em cena e com o alto grau de crítica contido em seus textos extremamente bem construídos sob uma óptica social baseada nos problemas enfrentados diariamente por quem vive em periferias. Eu também devo salientar a dura crítica dirigida a uma crença coletiva que prefere não enxergar os problemas por ele levantados, que feita de maneira muito artística.
           A apresentação de Jukka não destoou do restante do sarau, que contou, também, com a apresentação do novo prefeito de Itapecerica, Erlon Chaves (sim, o prefeito é poeta e, mais, segue uma linha marginal de literatura). Claro que como todo político, usou o palco do sarau, digamos... para expressar-se politicamente, defendendo seu jeito de governar. Particularmente, confesso que gostei tanto da parte artística quanto da parte política da apresentação. Parece-me que é mesmo uma nova proposta de governo, senão mais honesto ou participativo, ao menos mais próximo dos habitantes da cidade. Claro que o tempo é que vai mostrar as reais características de governo.
            Lua não quis se pronunciar artisticamente... Uma pena!!!
            Já eu, continuo na minha revolta íntima contra as palmas. Recebi mais uma vez alguns comentários interessantes. É bom saber que meu texto está cumprindo seu objetivo de fazer  os artistas refletirem sobre a questão básica de todo e qualquer um que pense em produzir arte: "Qual é meu objetivo ao produzir arte?"
            No sarau, ficamos sabendo de outro confirmado na Virada Cultural. Domingo, 18/5, Sarau do Mercado, do nosso amigo Mavot Sirc, estará no palco Xavier de Toledo, das 5:30 às 7:00.

É isso.
Abraços,

Edgar Izarelli


sexta-feira, 16 de maio de 2014

Estaremos na Virada!!!!!

A galera do Tenda Literária me convidou para participar do sarau da Virada Cultural.
É uma realização imensa pra mim, ser convidado a participar de um evento desse porte.
Aceitei com toda a gratidão!!
A Lua estará comigo, claro! Minha musa inspiradora! Com ela ao meu lado, minha apresentação será certamente um sucesso pessoal e profissional!

Edgar Izarelli


quarta-feira, 14 de maio de 2014

FeedBack Sarau Suburbano Convicto 13/5 + Poesia.






Bom dia, galera!

Ontem, dia 13/5, estive, com nosso amigo Takumi Matos e sua filha, Lyllith Tinay, (Lua não quis ir L) no Sarau Suburbano Convicto (clique para conhecer o Blog do Sarau) , presidido por Alessandro Buzo (aquele que fazia uma coluna sobre literatura no SPTV) e MC Tubarão Dulixo. Evento semanal da Livraria Suburbano Convicto (clique para conhecer o Blog da Livraria).
Localizada no bairro do Bexiga, Rua 13 de Maio, nº 70 , em São Paulo, a Livraria Suburbano Convicto é um centro de resistência da literatura marginal.
O sarau é sempre bem freqüentado e sempre me traz novas perspectivas pela linguagem mais próxima ou totalmente voltada para o REP, a maioria dos poetas de lá faz poesias bem rítmicas e tem um estilo característico de declamação que é bem similar a um Repper ou um MC, não encontro forma melhor de descrever.
A grande maioria das apresentações trata de problemáticas de cunho social, como a vida nas periferias, a desigualdade racial, a desigualdade sexual. Enfim é sarau marcado pela crítica social. Na edição dessa terça-feira, os assuntos mais pautados, por conta da data (13/5 é o dia em que a princesa Isabel assinou a leia áurea, abolindo a escravidão), foi a reflexão sobre as forma de escravidão moderna e orgulho da raça negra.
Eu quebrei um pouco o tema e apresentei a mesma performance realizada no sarau Juntos na Casa, ou seja: “Há Tempos”– Renato Russo, “Hoje em Dia”- Edgar Izarelli e “Sobre as Palmas que Vocês NÃO Vão Me Dar”- Edgar Izarelli. Este último texto recebeu muitos elogios e foi pedido que o compartilhasse.
 Está abaixo. Antes da poesia, porém, quero deixar registrado aqui um forte abraço aos amigos: Buzo e Tubarão (que sempre me recebem de braços abertos no sarau Suburbano), Victor Rodrigues (poeta maloqueista autor de Pragas de Poeta, um ótimo livro que nos faz refletir bastante) e Patrícia Candido (organizadora do sarau Portas Abertas). E convidar nossos leitores ao saraus “Suburbano Convicto” e “Portas Abertas” que estão na programação da Virada Cultural. O Suburbano Convicto será sábado, na própria livraria, das 19:00 às 23:00 horas. O Portas Abertas está no palco Ladeira da Memória as 8:00 horas do domingo.
Provavelmente a Lua, o Takumi e eu estaremos daremos uma passada nestes locais.  

Poesia:

 Sobre as Palmas que Vocês NÃO Vão Me Dar...

Não, eu não as quero!
Palmas engorduram a vaidade,
E contaminam de egolatrismo a potência curadora da arte!

Não, não vivo de doces,
Não consumo palmas.
São viciosas, viciantes e viciadas...
Palmas assim são o veneno dos artistas! 
E meu estilo naturalista de vida exige que me alimente,
Quase que exclusivamente,
De madrugadas frias, solidão e silêncios.

Meus amigos, por graça, às vezes me chamam palcólotra...
Confesso que sofro de bulimia e gosto de me causar refluxos gástricos em público...
Principalmente quando as horas de reflexão começam a pesar e queimar nas entranhas... 
E despejar idéias soltas num papel qualquer já não surte mais efeito nenhum!

É preciso expor algumas vísceras, fazer sangrias, diluir-se em fluidos.
Jejuar um pouco e excretar gritos, de vez em quando, é dar a mim um suspiro de alívio, Um momento de companhia...
Quebrar a rigorosa dieta com lágrimas e risos faz é bem!
A variação é o único remédio que impede o enjôo...
Mas, não! Não quero palmas!
Não vou me envenenar!
Quero é um banquete de silêncios!

Quero o silêncio bem cozido de quem entendeu e caiu numa reflexão profunda.
Quero o silêncio mal-passado de quem não entendeu nada e não sabe o que fazer.
O silêncio borbulhante dos burburinhos de quem está tentando entender.
O silêncio cru de quem nem prestou atenção e tem vergonha de dizer.
Quero o silêncio ensopado que precede o olhar apaixonado do casal lá na última fileira.
Quero silêncio frito que anuncia o choque de quem nunca havia parado pra pensar nisto.
O silêncio requentado de quem se fascinou por que sempre pensou o mesmo
E nunca conseguiu se expressar assim.
O silêncio frio de quem não gostou, mas não quer admitir.
Quero o silêncio de quem experimentou a inspiração e está pensando.
Quero o silêncio em banho-maria de quem precisa ferver a idéia.
Quero a salada de silêncios dos que se mantiveram indiferentes a tudo isso.
Quero um minuto de silêncio dedicado à tristeza daqueles que acham que arte é fama.

Depois, aceito de muito bom grado quem tiver um comentário a oferecer,
Ou mesmo um aplauso feito com a sinceridade caseira de um coração satisfeito...
Mas, por favor, não me dêem palmas industrializadas!
Antes a amargura da vaia, a sabedoria popular,
O chá que cura o fígado inflamado,
Ao paliativo que se dá de consolo a quem vai morrer de cirrose!

 Edgar Izarelli de Oliveira

terça-feira, 13 de maio de 2014

Ah! Como a Lua me Inspira...


Bom dia (ou, melhor, boa madrugada), gente! 
A poesia abaixo foi inspirada nos óculos novos da Lua! POIS É, estávamos conversando sobre eles e,  literalmente do nada, ela começou a falar pra que ela precisava de novos óculos, disto saiu a poesia dela "Precisa-se de novos óculos para:" (clique para ler a poesia), postada por ela ontem. Imediatamente, me aprofundei na ideia que ela levantou e, ali, descobri a inspiração que ressuscitou um velho projeto meu, os "Classificados" (clique para ver outros textos deste estilo). Classificados é uma linha poética que desenvolvo desde outubro de 2012. Essa linha utiliza uma linguagem de classificados de jornais para falar sobre a emoção mercantilizada da contemporaneidade. E se a Lua começou a inspiração, ela também acabou a poesia. No post de divulgação no face dela, ela escreveu  "(of)tramlogista", o que eu enxerguei de outra maneira... Of, em inglês, é uma preposição que realiza quase a mesma função do no nosso "De", mas "OFF" significa, entre outras acepções, desligado...
Sendo assim, a Lua foi a gênesis  e o apocalipse dessa poesia que recheei de mim!                   


"Procura-se um bom oftalmologista pro meu coração...
Sim, quero uma lente de contato com a minha realidade onírica.
Estou perdendo meus sonhos de vista!  

Os olhos precisos da minha alma se cegaram com as indicações alheias
E estou perdendo preciosas companhias por não conseguir mais ler entrelinhas.

Imagens do consciente são nitidamente uma implicação,
Porque não há pontos ainda cegos na retina do que é instintivo!
Mesmo assim, meu nervo ótico não me conecta diretamente com o que vejo,
Dá voltas doentias e torna tonto o meu esforço pra me localizar no mundo que habito.

A miopia dos meus bons sentimentos já me fez reconhecer
O rosto da reciprocidade em muitas máscaras sorridentemente sarcásticas.

A hipermetropia da minha confiança já me impediu de enxergar
Inesperadas atitudes em suas verdadeiras intenções.
É claro que, depois de tantas desilusões, já desenvolvi até fotofobia!

Meu estrabismo de nascença não me permite o foco na banalidade,
Mas, em compensação me dá a possibilidade de enxergar a arte com naturalidade
E, por mais estranho que pareça, é com estes olhos tortos que eu vejo a humanidade.

Mas o que mais desejo é poder ver de novo o arco-íris das minhas emoções
Por que minha razão daltônica só me permite imaginações destorcidas
E miragens em múltiplos tons de cinza...

Bom, pensando bem...
Com esse diagnóstico deveria procurar um...
Off-traumologista!"


Edgar Izarelli de Oliveira

Sobre desligar-se...

Desconectar as caixas de som da boca, conectar no céu.
Nos planetas, nas estrelas, nas nuvens, no Sol, na Lua, nas plantas...
Reconhecer a beleza que há no silêncio, ouvir tudo que a alma diz cantando.
Desligar-se da hora, do trem, do tudo que é tão...
Nada.
Diante da grandeza do coração quando pode falar, porque têm a atenção que merece!
À fins de si, de se encontrar em si,
Afinar o tom das cordas vitais
E se livrar dessas coisas banais de hoje em dia, em noite...
Desligar-se do (mal falar mal fazer mal comer mal viver mal);
Ligar o (bem falar bem fazer bem comer bem viver bem).
Lua Rodrigues

Da série "pensamentos pós meia noite". :D


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Feedback Sarau Juntos de maio...

"O Sarau Juntos na Casa desse mês ocorreu em clima intimista (bem intimista mesmo), cerca de 20 presentes viram nascer um novo modelo de sarau, ainda mais interativo. A primeira das apresentações foi um revezamento musicais entre duas brilhantes interpretes, Ramona e Maisa!!! Tiago também cantou.
Após a belíssima intervenção musical, tivemos a honra de receber Paulo Alves Silva apresentando os personagens da narrativa fictícia que está escrevendo há alguns anos, com direito a respostas aos presentes.  
Depois, começaram as novidades... Thomas Sampaio e eu fizemos uma intervenção teatral de cunho político na qual apresentei um novo personagem que pretendo continuar desenvolvendo, o Luis Ilário “O Puto da Silva”, um político de extrema esquerda que defende projetos de governo assistencialista, como o “Bolsa Drogado”.  Em contrapartida, Thomas fez o papel de um político de extrema direita que condena o uso de drogas e emendou com a encenação de um texto e uma canção de Chico Buarque.
O Sarau seguiu com a nossa querida Lua Rodrigues. Ela fez um discurso defendendo que o fato do Sarau Juntos na Casa possuir maioria de público jovem é uma grande conquista cultural e não significa de maneira nenhuma que qualquer integrante da organização tenha qualquer tipo de preconceito etário ou de qualquer outro gênero. Reforçou o discurso com a ideia de conjunto, que os artistas apoiem os outros, fortalecendo o grupo do Sarau e as causas em pauta na melhoria da formação cultural e crítica de cada indivíduo.
Após a apresentação poética do Toninho, eu dei a abertura pra outra novidade, abrindo minha apresentação poética para críticas. Apresentei  “Há tempos” de Renato Russo, na minha versão declamada (segunda a Lua, não sou um bom cantor, então nem me arrisco!). Segui minha apresentação com “Hoje em dia” uma parodia atualizada de minha autoria que tenta trazer a essência da musica supracitada a uma contemporaneidade palpável ao que vemos cotidianamente; terminando com fragmentos do meu texto “Sobre as palmas que vocês NÃO vão me dar”, que é uma reflexão pessoal, feita sob o viés do artista. acerca de quanto valem as "palmas industrializadas" que recebemos em eventos culturais. As palmas, em minha vivência artístico/pessoal, só adquirem valor de prestígio se antes houver pelo menos um instante de silêncio. Pra mim, palmas sem reflexão, além de ser vazia, ainda acaba por envaidecer a arte. Sim pois, muitas vezes, o artista se propõe a trabalhar coisas cchuj o efeito final desejado não é necessariamente algo positivo. Foi ótimo ouvir as opiniões da Vanessa Souza (presidente da Casa de Cultura), da Ramona e do Toninho. Toninho me fez pensar em uma outra categoria de aplausos, os aplausos que constroem. Surpreendentemente tive uma conversa na madrugada dessa segunda feira sobre esse meso assunto com um grande amigo meu, o Jukka Andrade, a quem também mostrei a poesia. Ele mencionou uma teoria de níveis de artista. Basicamente, há um estágio em que o aplauso tem efeito construtivo, estimulando a produção, independentemente da qualidade. Há , entretanto, outro estágio em que o artista já está firmado na pessoa. É quando a qualidade do que está sendo produzido passa a valer mais que a produção em si. Particularmente,  creio estar neste estágio. Preciso saber se o que produzo atinge o objetivo a que me propus e se torna difícil se a reação for sempre o aplauso...                   
Voltando ao sarau, a última apresentação artística da noite foi do Thomas, cantado (agora sim, cantando...) “Há tempos” de Renato Russo.
Ainda tivemos a fala da Izabela Barreto sobre a “Copa das Manifestações”. Creio que a Lua seja mais indicada pra falar desse evento, pois tem ligação com o Coletivo Juntos! de juventude, sobre o qual ela escreverá um artigo pros leitores do EdLua.Artes.
O Sarau terminou com uma pequena festa pra homenagear Ramona, Thomas, a Maisa e o Anivaldo (fundador da casa de cultura) pelos respectivos aniversários.  
           Anivaldo ainda falou sobre a assembléia publica que aconteceu no dia 5/5 para discutir a Unifesp que atenderá as oito cidades da nossa região."

Edgar Izarelli

"Gosto de frequentar diversos saraus, eles me trazem diferentes perspectivas sobre a arte e o artista.
A valorização dos artistas de Embu acontece de forma bem sutil... São artistas que fazem arte há tempos e ainda assim não têm o reconhecimento que mereciam. E no meio dos novos (jovens), isso se dá de forma ainda mais brutal, ou seja, não temos por onde começar, como começar, o que estudar etc.
Acesso é o que há depois da grande barreira sistemática que pede toda e qualquer habilidade mecânica de nós, para que sejam desenvolvidas em prol do capital.
O sarau Juntos na Casa, traz essa união e experiência de troca para que a juventude (inclusive eu) se descubra como artista, encontre outras alternativas de vida.
Estamos falando de uma região pobre de Embu, região periférica e desvalorizada pela prefeitura.
Carente de todos os serviços e principalmente de acesso à cultura do seu próprio lugar.
A Casa de Cultura Sta. Tereza representa a resistência cultural e o lugar que formou muitos outros formadores de opinião/artistas da região.
Esse sarau ofereceu nessa edição da ultima sexta, reflexões interessantíssimas pra quem não gosta de banalização e clichês. Por quê, afinal; nós como artistas precisamos das palmas do público?
É como afeto? Carinho gratuito?
A arte está acostumada a ser aplaudida, mas ultimamente tenho trabalhado com reflexões que incomodam o ego. Não exigem afeto, muito pelo contrário...
Exige reflexão.
Silêncio mutuo! As palmas não nos permitem concluir o que aquele azedo causou à garganta.
É como se nós todos estivéssemos num universo paralelo, em que refletir é necessário e de repente tudo isso cessasse. Acabou.
Palmas à ele(a).
Sim, palmas nos fazem bem, como as estrelas brilhantes que precisamos ser. Mas um olhar causa muito mais a sensação de... Dever cumprido.
Uma breve descrição do que esse sarau me causou, lembrando que acontece toda primeira sexta feira do mês, as 19h, na Casa de Cultura Sta.Tereza.
Beijos de luz!"
Lua Rodrigues




          


Precisa-se de novos óculos para:

Leitura de letreiros;
Leitura de olhares;
Leitura de textos;
Leitura de artigos;
Leitura de poesias;
Leitura de placas de ônibus;
E... Leitura de mãos...
Adiciona na receita mais graus pra ver além da vida.
E não vai não, fica aqui, pra eu te ver...

Lua Rodrigues

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Fica a Dica:

Especiais, Ed e eu postaremos com frequência alguns eventos culturais pra semana, fiquem atentos e divirtam-se! :)

Pra hoje:
Sarau Juntos na Casa, que eu ajudo a organizar com muito carinho todos os meses...
Fica na Casa de Cultura Santa Tereza.
Link da página no fb: https://www.facebook.com/casadeculturasantatereza?fref=ts
Lugar especialíssimo na periferia de Embu, que luta continuamente por cultura de qualidade e valorização do povo Embu-arteiro rs. Vale a pena uma visitinha pra conhecer os cursos e a história desse lugar abençoado!
Link da página do sarau no fb: https://www.facebook.com/SarauJuntosNaCasa?fref=ts
E pra quem estiver interessado, pesquise um pouco sobre o coletivo Juntos! de juventude.
Em breve farei uma postagem com mais detalhes sobre esse coletivo e o que ele tem pra oferecer como educação política e social, em especial pra juventude.
Link do site do Juntos!: http://juntos.org.br/2012/03/juntos-por-outro-futuro/
Aqui a fotinha do evento de hoje, fica a dica:

Beijos de luz!

Para um início feliz...

Oiii queridxs, boráa inaugurar essa treta aqui!
Eu poderia até fazer um texto formal (mas eu não quero).
Tenho um problema com blogs, dessa vez conto com uma super hiper ajuda especial do mais que especial Edgar Pizzarelli! Ops, é Izarelli.
Dividimos o nosso amor. Além de um com o outro, com a arte... Triângulo amoroso especial e único, ora pois!
Criamos um blog pela extrema necessidade do registro de todas as nossas ideias e loucuras artístico-amorosas; seria um desperdício não relatar o que se passa no nosso dia a dia conturbado.
A filosofia necessária (e a desnecessária) estarão registradas aqui sempre que possível.
É um prazer partilhar e compartilhar aquilo que temos de mais belo: pontos de vista.
Gostaria que vocês endoidassem também, diariamente.
O conformismo é chato, pesado, não faz bem a nenhuma alma que eu conheça ou desconheça. Vamos buscar antes de tudo, o nosso infinito particular, o que há nele pra ser desvendado?
O que precisa ser desafiado?
Quem precisa ser desafiado?
Delírios precisam ser compartilhados, sempre tem alguém que pode entendê-los.
Beijos de luz!
Créditos da foto à Karina Barbosa!
Visitem também: http://kahartes.blogspot.com.br/

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Apresentação de Edgar Izarelli no Sarau da Educação e Cultura- Osasco





Poesias interpretadas:


"Arte, Mulher Madura" - Edgar Izarelli de Oliveira

"Se Eu Fosse Mulher" - Irael Luziano

"Aviso da Lua que Menstrua" - Elisa Lucinda 



Por favor, sintam-se a vontade para comentar.


Para apresentações, entrem contato.


edelua.artes@gmail.com



  




3 Obras da Lua

Se valendo de inspirações fundamentadas no misticismo, no surrealismo e no sobrenatural, Lua Rodrigues desenvolve trabalhos únicos, como estes.     



                               
Tinta acrílica  e óleo sobre madeira reutilizada











                                         




















Tinta acrílica e óleo sobre tela.

                                                                         


Por favor, sintam-se a vontade para comentar.

Para aquisições das obras de Lua Rodrigues, entre em contato.


edelua.artes@gmail.com

domingo, 4 de maio de 2014

Prazer em recebê-los aqui, gente!

Boa noite, galera.
A Lua e eu estamos criando este blog conjunto pra divulgar nossos trabalhos artísticos, informar sobre eventos culturais e, quem sabe, de vez em quando, expor a vocês algumas filosofias ou ideias políticas. Até acho que tais momentos não serão tão raros assim, nós dois gostamos muito de debates. Coincidências à parte, hoje faz um ano que nos conhecemos no Sarau Juntos na Casa, ao qual nos dedicamos atualmente na parte organização e divulgação. Fica sendo, então, de maneira super improvisada, a criação deste blog de presente a ela por esta data especial! Eu juro que não programei nada, apenas acordei inspirado e com uma dose extra de paciência pra abrir contas no Google... Bom, não importando as razões da gênesis, está aberto o nosso blog...

E para abrir em grande estilo, convites a se fazer é que não faltam...
Pra quem quiser saber mais sobre nós, criei um espaço onde estão pequenas notas biográficas falando um pouco sobre nosso trabalho. É só clicar em "Quem  Somos Nós" abaixo do título do blog.
Aproveito pra convidá-los a continuarem conosco essa partilha. Em breve teremos novos espaços e novos textos. Sintam-se à vontade pra comentar as postagens, outros pontos de vista serão sempre muito bem recebidos, desde que sejam expostos de forma respeitosa!

Pra quem se interessa pela luta cultural de Embu das Artes, queria deixar o convite a curtir a página da Sociedade Civil no Facebook, é só clicar AQUI 

Pra quem quiser conhecer outros blogs, farei uma listinha com alguns links legais... Estará disponível dentro de instantes.

Aproveito também pra divulgar o Sarau Juntos na Casa deste mês...




E, por hora, é isso.

Abraços, galera!!!

Edgar Izarelli de Oliveira