segunda-feira, 26 de maio de 2014

Aventuras Em Osasco



           Galera!

Na noite do dia 24 de maio, foi celebrada a 50ª edição do Sarau da Educação e Cultura de Osasco. Infelizmente houve uma falha de comunicação e a Lua não iluminou o meu céu naquela.. Bom, nem o meu nem o de ninguém, pois aqui, na região metropolitana de São Paulo, estava nublado e frio...
            Essa edição do sarau foi muito interessante por vários aspectos, inclusive externos ao evento, mas que fizeram parte da aventura que foi, para mim, comparecer.
            O sarau deste mês não foi realizado no local costumeiro, no entanto, nossa aventura (estava acompanhado por minha mãe, Denise Oliveira) começa no Centro de Formação de Professores daquele município, onde é habitualmente celebrado este grande encontro de artistas. Lá pegamos um ônibus escolar para chegar ao Parque Chico Mendes que foi palco da edição mensal do evento.
            Tivemos duas gratas surpresas ao chegarmos no Centro de Formação: o ônibus estava lá (estávamos atrasados) e era adaptado para deficientes! Primeira vez que ando de ônibus adaptado na vida!
Emoções à parte, agora é hora de voltar a falar de acessibilidade. Andando nesse ônibus, pude fazer algumas considerações que as fotos me ajudarão a explanar. Bom, assumindo que exista um padrão para se fazer ônibus adaptados e que o padrão seja o do ônibus mostrado abaixo, pode se deduzir que um deficiente visual acompanhado de cão-guia e um cadeirante nunca poderão utilizar juntos o mesmo coletivo.







Vejam bem, o espaço que uma cadeira de rodas ocupa é mesmo espaço reservado para o cão-guia que deve permanecer sempre ao lado direito de seu dono para guia-lo adequadamente. Mesmo que o cão pudesse sentar na frente do dono, a cadeira de rodas nesta posição impediria que o assento reservado ao deficiente visual baixasse. Verdade que existem cadeiras de rodas menores que a minha, mas um transporte público deve ser adaptado para todos os tamanhos de cadeiras, sem que interfira na acessibilidade de outrem; afinal, é público.
Isso reforça minha teoria de que certas  deficiências são mais aceitas que outras. A maioria das adaptações de caráter público, obedece a padrões que tornam lugares acessíveis a paraplégicos, mas não levam em consideração as paralisias cerebrais. A maioria dos paraplégicos usa cadeiras de rodas mais compactas por terem a mobilidade dos braços e do tronco preservada. A coisa muda quando a pessoa tem paralisia cerebral coreoatetóide, que é o meu caso. Este quadro apresenta movimentos involuntários em todo o corpo, por isso precisamos de cadeiras de rodas maiores que mantenham o equilíbrio mesmo com espasmos bruscos. Essa diferença já me causou transtornos para usar o banheiro adaptado de uma padaria, por exemplo, pois a porta era pequena de mais para a minha cadeira, já para uma cadeira mais compacta era perfeita.   
 Voltando ao caso dos ônibus adaptados, pensei na possibilidade do deficiente visual utilizar outro assento normal, mas logo percebi que seu guia atrapalharia o trafego no corredor.
A prórpria placa indica que deve uma escolha, pelo uso da palavra "OU"...   
Então ficam as perguntas: que inclusão seletiva é essa que só inclui um por vez? E, em caso de haver um deficiente visual e um cadeirante no ponto, querendo pegar o mesmo ônibus no mesmo horário, como e quem resolveria o impasse? A quem dar prioridade?
Bom, feitas as considerações políticas, sigamos ao sarau, que foi realizado numa tenda semelhante a um circo, para ressaltar brilhantemente o tema proposto: “Um pulo no quintal da imaginação”. A homenagem às crianças veio no mês das mães nesse ano! Inovação com conteúdo filosófico: “Mãe só é mãe porque teve crianças!”
Falando em inovações, essa edição trouxe uma nova perspectiva inclusiva, agora sim digna de aplausos, interprete em LIBRAS! GENIAL!!! A organização está de parabéns! Inovações assim a gente agradece e engrandece!!!
Este sarau teve a regência da incrivelmente MULTItalentosa Vera Lof, apresentou o sarau e encerrou com uma interpretação teatral improvisada de " O Carroção Mágico" com as participações de Fabiana Mina, Daniele Leite  e na trilha sonora Filipe de Freitas (Filósofo, professor, músico e compositor).
O sarau brindou os espectadores desde o começo. A abertura foi uma magistral apresentação do grupo Mamui, contadores de historias, que interpretaram “A Menina e O Pássaro Encantado” de Ruben Alves, tema, também, do poema de Vera Lúcia G.Correia. Este conto me remeteu a memória do Sarau Tearte, organizado por Viviane e Andréa Neres, era o maior encontro de artistas da cidade de Embu das Artes. Foi onde comecei a me fascinar pelos saraus. Em uma das vezes que compareci a este lendário sarau ouvi, a mesma história dos lábios de João Batista Freitas... Sem exagero, foi uma das coisas mais impressionantes que já presenciei em saraus!
Não podia deixar aquele clima gostoso de nostalgia passar por mim sem que me tocasse. Mudei minha apresentação na hora e fiz a minha poesia mais clássica, “A Caixinha Mágica”, que estará no primeiro trabalho conjunto com Lua Rodrigues: “Porta Encostada – Entre a Resiliência e a Obsessão”
No sarau, ainda teve muita música com a dupla Valdir & Zizi e Chiquinho Alves e mais uma série de poetas e dança do ventre.   
Esse foi o Sarau da Educação e Cultura desse mês, mais uma vez parabenizo a organização pelo belíssimo trabalho!

Abraços

Edgar Izarelli



Fotos do Evento


Vera Lof

Andréa Leão (organização do sarau)

Valdir & Zizi + o baby Gabriel 







"O Carroção Mágico"





Nenhum comentário:

Postar um comentário