Galera!
Na noite do dia 24 de maio, foi celebrada a 50ª edição do Sarau da Educação e Cultura de Osasco. Infelizmente houve uma falha de comunicação e a Lua não iluminou o meu céu naquela.. Bom, nem o meu nem o de ninguém, pois aqui, na região metropolitana de São Paulo, estava nublado e frio...
Essa edição
do sarau foi muito interessante por vários aspectos, inclusive externos ao
evento, mas que fizeram parte da aventura que foi, para mim, comparecer.
O sarau
deste mês não foi realizado no local costumeiro, no entanto, nossa aventura
(estava acompanhado por minha mãe, Denise Oliveira) começa no Centro de
Formação de Professores daquele município, onde é habitualmente celebrado este
grande encontro de artistas. Lá pegamos um ônibus escolar para chegar ao Parque
Chico Mendes que foi palco da edição mensal do evento.
Tivemos
duas gratas surpresas ao chegarmos no Centro de Formação: o ônibus estava lá (estávamos
atrasados) e era adaptado para deficientes! Primeira vez que ando de ônibus adaptado
na vida!
Emoções à parte, agora é hora de
voltar a falar de acessibilidade. Andando nesse ônibus, pude fazer algumas
considerações que as fotos me ajudarão a explanar.
Bom, assumindo que exista um padrão para se fazer ônibus adaptados e que o padrão
seja o do ônibus mostrado abaixo, pode se deduzir que um deficiente visual
acompanhado de cão-guia e um cadeirante nunca poderão utilizar juntos o mesmo coletivo.
Vejam bem, o espaço que uma cadeira
de rodas ocupa é mesmo espaço reservado para o cão-guia que deve permanecer
sempre ao lado direito de seu dono para guia-lo adequadamente. Mesmo que o cão
pudesse sentar na frente do dono, a cadeira de rodas nesta posição impediria
que o assento reservado ao deficiente visual baixasse. Verdade que existem
cadeiras de rodas menores que a minha, mas um transporte público deve ser
adaptado para todos os tamanhos de cadeiras, sem que interfira na
acessibilidade de outrem; afinal, é público.
Isso reforça minha teoria de que
certas deficiências são mais aceitas que
outras. A maioria das adaptações de caráter público, obedece a padrões que
tornam lugares acessíveis a paraplégicos, mas não levam em consideração as paralisias
cerebrais. A maioria dos paraplégicos usa cadeiras de rodas mais compactas por
terem a mobilidade dos braços e do tronco preservada. A coisa muda quando a pessoa
tem paralisia cerebral coreoatetóide, que é o meu caso. Este quadro apresenta movimentos
involuntários em todo o corpo, por isso precisamos de cadeiras de rodas maiores
que mantenham o equilíbrio mesmo com espasmos bruscos. Essa diferença já me
causou transtornos para usar o banheiro adaptado de uma padaria, por exemplo,
pois a porta era pequena de mais para a minha cadeira, já para uma cadeira mais
compacta era perfeita.
Voltando ao caso dos ônibus adaptados, pensei
na possibilidade do deficiente visual utilizar outro assento normal, mas logo
percebi que seu guia atrapalharia o trafego no corredor.
A prórpria placa indica que deve uma escolha, pelo uso da palavra "OU"...
A prórpria placa indica que deve uma escolha, pelo uso da palavra "OU"...
Então ficam as perguntas: que inclusão
seletiva é essa que só inclui um por vez? E, em caso de haver um deficiente
visual e um cadeirante no ponto, querendo pegar o mesmo ônibus no mesmo horário,
como e quem resolveria o impasse? A quem dar prioridade?
Bom, feitas as considerações políticas,
sigamos ao sarau, que foi realizado numa tenda semelhante a um circo, para
ressaltar brilhantemente o tema proposto: “Um pulo no quintal da imaginação”. A
homenagem às crianças veio no mês das mães nesse ano! Inovação com conteúdo filosófico:
“Mãe só é mãe porque teve crianças!”
Falando em inovações, essa edição
trouxe uma nova perspectiva inclusiva, agora sim digna de aplausos, interprete
em LIBRAS! GENIAL!!! A organização está de parabéns! Inovações assim a gente agradece
e engrandece!!!
Este sarau teve a regência da incrivelmente
MULTItalentosa Vera Lof, apresentou o sarau e encerrou com uma interpretação
teatral improvisada de " O Carroção Mágico"
com as participações de Fabiana Mina, Daniele Leite e na trilha sonora Filipe de Freitas
(Filósofo, professor, músico e compositor).
O sarau
brindou os espectadores desde o começo. A abertura foi uma magistral apresentação
do grupo Mamui, contadores de historias, que interpretaram “A Menina e O Pássaro
Encantado” de Ruben Alves, tema, também, do poema de Vera Lúcia G.Correia. Este
conto me remeteu a memória do Sarau Tearte, organizado por Viviane e Andréa Neres,
era o maior encontro de artistas da cidade de Embu das Artes. Foi onde comecei a
me fascinar pelos saraus. Em uma das vezes que compareci a este lendário sarau
ouvi, a mesma história dos lábios de João Batista Freitas... Sem exagero, foi
uma das coisas mais impressionantes que já presenciei em saraus!
Não podia
deixar aquele clima gostoso de nostalgia passar por mim sem que me tocasse. Mudei
minha apresentação na hora e fiz a minha poesia mais clássica, “A Caixinha Mágica”,
que estará no primeiro trabalho conjunto com Lua Rodrigues: “Porta Encostada –
Entre a Resiliência e a Obsessão”
No sarau,
ainda teve muita música com a dupla Valdir & Zizi e Chiquinho Alves e mais
uma série de poetas e dança do ventre.
Esse foi
o Sarau da Educação e Cultura desse mês, mais uma vez parabenizo a organização
pelo belíssimo trabalho!
Abraços
Fotos do Evento
Vera Lof |
Andréa Leão (organização do sarau) |
Valdir & Zizi + o baby Gabriel |
"O Carroção Mágico" |