Bom dia, galera!
Ontem, dia 13/5, estive, com nosso
amigo Takumi Matos e sua filha, Lyllith Tinay, (Lua não quis ir L)
no Sarau Suburbano Convicto (clique para conhecer o Blog do Sarau) ,
presidido por Alessandro Buzo (aquele que fazia uma coluna sobre literatura no
SPTV) e MC Tubarão Dulixo. Evento semanal da Livraria Suburbano Convicto (clique para conhecer o Blog da Livraria).
Localizada no bairro do Bexiga,
Rua 13 de Maio, nº 70 , em São
Paulo , a Livraria Suburbano Convicto é um centro de resistência
da literatura marginal.
O sarau é sempre bem freqüentado
e sempre me traz novas perspectivas pela linguagem mais próxima ou totalmente
voltada para o REP, a maioria dos poetas de lá faz poesias bem rítmicas e tem
um estilo característico de declamação que é bem similar a um Repper ou um MC,
não encontro forma melhor de descrever.
A grande maioria das apresentações
trata de problemáticas de cunho social, como a vida nas periferias, a
desigualdade racial, a desigualdade sexual. Enfim é sarau marcado pela crítica
social. Na edição dessa terça-feira, os assuntos mais pautados, por conta da
data (13/5 é o dia em que a princesa Isabel assinou a leia áurea, abolindo a
escravidão), foi a reflexão sobre as forma de escravidão moderna e orgulho da
raça negra.
Eu quebrei um pouco o tema e
apresentei a mesma performance realizada no sarau Juntos na Casa, ou seja: “Há Tempos”–
Renato Russo, “Hoje em Dia”- Edgar Izarelli e “Sobre as Palmas que Vocês NÃO Vão
Me Dar”- Edgar Izarelli. Este último texto recebeu muitos elogios e foi pedido
que o compartilhasse.
Está abaixo. Antes da poesia, porém, quero
deixar registrado aqui um forte abraço aos amigos: Buzo e Tubarão (que sempre
me recebem de braços abertos no sarau Suburbano), Victor Rodrigues (poeta
maloqueista autor de Pragas de Poeta, um ótimo livro que nos faz refletir
bastante) e Patrícia Candido (organizadora do sarau Portas Abertas). E convidar
nossos leitores ao saraus “Suburbano Convicto” e “Portas Abertas” que estão na
programação da Virada Cultural. O Suburbano Convicto será sábado, na própria
livraria, das 19:00 às 23:00 horas. O Portas Abertas está no palco Ladeira da Memória
as 8:00 horas do domingo.
Provavelmente a Lua, o Takumi e eu
estaremos daremos uma passada nestes locais.
Não, eu não as quero!
Palmas engorduram a vaidade,
E contaminam de egolatrismo a
potência curadora da arte!
Não, não vivo de doces,
Não consumo palmas.
São viciosas, viciantes e
viciadas...
Palmas assim são o veneno dos
artistas!
E meu estilo naturalista de vida
exige que me alimente,
Quase que exclusivamente,
De madrugadas frias, solidão e silêncios.
Meus amigos, por graça, às vezes me
chamam palcólotra...
Confesso que sofro de bulimia e
gosto de me causar refluxos gástricos em público...
Principalmente quando as horas de
reflexão começam a pesar e queimar nas entranhas...
E despejar idéias soltas num papel
qualquer já não surte mais efeito nenhum!
É preciso expor algumas vísceras,
fazer sangrias, diluir-se em fluidos.
Jejuar um pouco e excretar gritos,
de vez em quando, é dar a mim um suspiro de alívio, Um momento de companhia...
Quebrar a rigorosa dieta com
lágrimas e risos faz é bem!
A variação é o único remédio que
impede o enjôo...
Mas, não! Não quero palmas!
Não vou me envenenar!
Quero é um banquete de silêncios!
Quero o silêncio bem cozido de quem
entendeu e caiu numa reflexão profunda.
Quero o silêncio mal-passado de
quem não entendeu nada e não sabe o que fazer.
O silêncio borbulhante dos burburinhos
de quem está tentando entender.
O silêncio cru de quem nem prestou
atenção e tem vergonha de dizer.
Quero o silêncio ensopado que
precede o olhar apaixonado do casal lá na última fileira.
Quero silêncio frito que anuncia o
choque de quem nunca havia parado pra pensar nisto.
O silêncio requentado de quem se
fascinou por que sempre pensou o mesmo
E nunca conseguiu se expressar
assim.
O silêncio frio de quem não gostou,
mas não quer admitir.
Quero o silêncio de quem
experimentou a inspiração e está pensando.
Quero o silêncio em banho-maria de
quem precisa ferver a idéia.
Quero a salada de silêncios dos que
se mantiveram indiferentes a tudo isso.
Quero um minuto de silêncio dedicado
à tristeza daqueles que acham que arte é fama.
Depois, aceito de muito bom grado
quem tiver um comentário a oferecer,
Ou mesmo um aplauso feito com a
sinceridade caseira de um coração satisfeito...
Mas, por favor, não me dêem palmas
industrializadas!
Antes a amargura da vaia, a
sabedoria popular,
O chá que cura o fígado inflamado,
Ao paliativo que se dá de consolo a
quem vai morrer de cirrose!
Edgar Izarelli de Oliveira
Sem palmas,sem palavras, sem comentários e sem graça
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