quarta-feira, 14 de maio de 2014

FeedBack Sarau Suburbano Convicto 13/5 + Poesia.






Bom dia, galera!

Ontem, dia 13/5, estive, com nosso amigo Takumi Matos e sua filha, Lyllith Tinay, (Lua não quis ir L) no Sarau Suburbano Convicto (clique para conhecer o Blog do Sarau) , presidido por Alessandro Buzo (aquele que fazia uma coluna sobre literatura no SPTV) e MC Tubarão Dulixo. Evento semanal da Livraria Suburbano Convicto (clique para conhecer o Blog da Livraria).
Localizada no bairro do Bexiga, Rua 13 de Maio, nº 70 , em São Paulo, a Livraria Suburbano Convicto é um centro de resistência da literatura marginal.
O sarau é sempre bem freqüentado e sempre me traz novas perspectivas pela linguagem mais próxima ou totalmente voltada para o REP, a maioria dos poetas de lá faz poesias bem rítmicas e tem um estilo característico de declamação que é bem similar a um Repper ou um MC, não encontro forma melhor de descrever.
A grande maioria das apresentações trata de problemáticas de cunho social, como a vida nas periferias, a desigualdade racial, a desigualdade sexual. Enfim é sarau marcado pela crítica social. Na edição dessa terça-feira, os assuntos mais pautados, por conta da data (13/5 é o dia em que a princesa Isabel assinou a leia áurea, abolindo a escravidão), foi a reflexão sobre as forma de escravidão moderna e orgulho da raça negra.
Eu quebrei um pouco o tema e apresentei a mesma performance realizada no sarau Juntos na Casa, ou seja: “Há Tempos”– Renato Russo, “Hoje em Dia”- Edgar Izarelli e “Sobre as Palmas que Vocês NÃO Vão Me Dar”- Edgar Izarelli. Este último texto recebeu muitos elogios e foi pedido que o compartilhasse.
 Está abaixo. Antes da poesia, porém, quero deixar registrado aqui um forte abraço aos amigos: Buzo e Tubarão (que sempre me recebem de braços abertos no sarau Suburbano), Victor Rodrigues (poeta maloqueista autor de Pragas de Poeta, um ótimo livro que nos faz refletir bastante) e Patrícia Candido (organizadora do sarau Portas Abertas). E convidar nossos leitores ao saraus “Suburbano Convicto” e “Portas Abertas” que estão na programação da Virada Cultural. O Suburbano Convicto será sábado, na própria livraria, das 19:00 às 23:00 horas. O Portas Abertas está no palco Ladeira da Memória as 8:00 horas do domingo.
Provavelmente a Lua, o Takumi e eu estaremos daremos uma passada nestes locais.  

Poesia:

 Sobre as Palmas que Vocês NÃO Vão Me Dar...

Não, eu não as quero!
Palmas engorduram a vaidade,
E contaminam de egolatrismo a potência curadora da arte!

Não, não vivo de doces,
Não consumo palmas.
São viciosas, viciantes e viciadas...
Palmas assim são o veneno dos artistas! 
E meu estilo naturalista de vida exige que me alimente,
Quase que exclusivamente,
De madrugadas frias, solidão e silêncios.

Meus amigos, por graça, às vezes me chamam palcólotra...
Confesso que sofro de bulimia e gosto de me causar refluxos gástricos em público...
Principalmente quando as horas de reflexão começam a pesar e queimar nas entranhas... 
E despejar idéias soltas num papel qualquer já não surte mais efeito nenhum!

É preciso expor algumas vísceras, fazer sangrias, diluir-se em fluidos.
Jejuar um pouco e excretar gritos, de vez em quando, é dar a mim um suspiro de alívio, Um momento de companhia...
Quebrar a rigorosa dieta com lágrimas e risos faz é bem!
A variação é o único remédio que impede o enjôo...
Mas, não! Não quero palmas!
Não vou me envenenar!
Quero é um banquete de silêncios!

Quero o silêncio bem cozido de quem entendeu e caiu numa reflexão profunda.
Quero o silêncio mal-passado de quem não entendeu nada e não sabe o que fazer.
O silêncio borbulhante dos burburinhos de quem está tentando entender.
O silêncio cru de quem nem prestou atenção e tem vergonha de dizer.
Quero o silêncio ensopado que precede o olhar apaixonado do casal lá na última fileira.
Quero silêncio frito que anuncia o choque de quem nunca havia parado pra pensar nisto.
O silêncio requentado de quem se fascinou por que sempre pensou o mesmo
E nunca conseguiu se expressar assim.
O silêncio frio de quem não gostou, mas não quer admitir.
Quero o silêncio de quem experimentou a inspiração e está pensando.
Quero o silêncio em banho-maria de quem precisa ferver a idéia.
Quero a salada de silêncios dos que se mantiveram indiferentes a tudo isso.
Quero um minuto de silêncio dedicado à tristeza daqueles que acham que arte é fama.

Depois, aceito de muito bom grado quem tiver um comentário a oferecer,
Ou mesmo um aplauso feito com a sinceridade caseira de um coração satisfeito...
Mas, por favor, não me dêem palmas industrializadas!
Antes a amargura da vaia, a sabedoria popular,
O chá que cura o fígado inflamado,
Ao paliativo que se dá de consolo a quem vai morrer de cirrose!

 Edgar Izarelli de Oliveira

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