"Galera!
Na noite de Sábado, estivemos, o Takumi, a Lua e eu, na 1ª edição do Sarau Em Cantos e Versos, realizado na BibliASPA (clique parta conhecer o site da BibliASPA), ao qual fomos convidados por um amigo meu, o Saulo César Paulino Silva.
Tive a felicidade de conhecê-lo em um sarau que acontecia regularmente no Embu Plaza Shopping, por iniciativa de Gerson Ruy Simões Costa. Muitos dos artistas meus companheiros tinham e, receio, ainda tenham um bloqueio para sarau em shopping. Eu , no entanto, achava maravilhosa a oportunidade quebrar a barreira que existe entre o capitalismo consumista e o estilo de vida que a maioria dos artistas leva. Ver a arte invadir esse espaço, mesmo que não tivéssemos tanto público, era, de fato, uma possibilidade de despertar o interesse, por parte da população, na produção artística que acontece na cidade que leva o nome de Embu das ARTES, mas onde poucas pessoas sabem sequer o nome dos artistas residentes. Há uma distância enorme entre o povo da cidade e a comunidade artística que nela habita e, pra quem convive nos dois mundos, como eu, torna-se evidente que a iniciativa de aproximação deve vir da esfera artística. Por isso, durante o tempo que pude, apoiei o Sarau do Varal; era uma tentativa ousada fazer essa aproximação tão necessária para os dois grupos. Continuo apoiando qualquer coisa que faça a arte sair do núcleo de criação e se aproximar de novo do povo.
Lá, no Sarau do Varal, fiz alguns amigos como Diógenes Correa e o Saulo. Saulo sempre se lembra de me convidar para sarausem São Paulo.
Lá, no Sarau do Varal, fiz alguns amigos como Diógenes Correa e o Saulo. Saulo sempre se lembra de me convidar para saraus
O Sarau Em Cantos e Versos foi uma espécie de confraternização artística, não se parecendo muito com outros saraus de mais tradição. É um estilo diferente, com um ritmo mais lento, aberto a longos discursos sobre a vida, à partilha de experiências; tanto que chega a ser quase terapêutico. Embora todo sarau seja uma atividade terapêutica, pois se trata essencialmente de contato humano num espaço em que o experimentar é permitido, alguns saraus oferecem um clima mais agressivo, mais político, outros são mais voltados para especialistas na arte; e outros, bem mais raros, sendo, geralmente, os que estão em processo de formação, são mais humanos, oferecendo um ambiente mais acolhedor.
Confesso que a quebra do ritmo habitual dos saraus dos quais geralmente participo me deixou meio impaciente no início. Porém, depois que a mente se adaptou, ficou muito gostoso! O ambiente era perfeito para o clima de amistoso, o piso de madeira com certeza contribuiu para a sensação de acolhimento, mas o fundamental foi a vontade e a intensidade da partilha que houve. Histórias de vida foram abertas e puderam ser vistas sendo expostas.
Oswaldo Camargo compartilhou, por exemplo, história que viveu com Solano Trindade e Lygia Fagundes Telles, incrível conhecer pessoas que conviveram com ídolos da literatura! Oswaldo ainda declamou poesias de poetas negros junto de Neide Almeida e, de quebra, ainda me incitou a uma reflexão interessante: O único papel do poeta/escritor é escrever bem (?).
Mais incrível ainda sentir a abertura que é permitida em saraus com clima amistoso! Sentir, por exemplo, o amor que há entre um casal... Me emocionei muito quando Sandra Paulino leu um texto que falava da história de seu encontro com Saulo. Ou sentir novamente a magia dos saraus se espalhar pelos corações de quem está participando pela primeira vez! É mágico!
Também foi magnífico assistir o Teatro de Barros (Clique para conhecer mais sobre este projeto na fanpage do Facebook) fazer uma intervenção sobre Manoel de Barros. Ouvir o Saulo tocar viola caipira, e outros poetas: Adriano Queiroz, Jair Farias, Edson Feitosa que partilhou um texto de Manoel de Barros que desencadeou toda uma reflexão sobre situações de guerra e a importância do registro histórico das vítimas.
A Lua e eu aproveitamos a oportunidade para fazer um pré-lançamento do livro “Porta Encostada - Entre a Resiliência e a Obsessão”. Lua levou um quadro pra expor e despertou interesses. Só pra lembrar, quem quiser um quadro da Lua é só entrar em contato com ela pelo nosso e-mail. Além de falar um pouco sobre seus quadros e a maneira singular como gosta de trabalhar, Lua recitou uma poesia que fez ali na hora. Sensacional!
Eu fiz uma série de intervenções, mas vou destacar aqui o Diálogo Poético que faço com Takumi Matos, essa performance é um dos clássicos da minha carreira. Já apresentamo-na em diversos saraus e sempre teve boas críticas. A Lua filmou essa performance. O vídeo está abaixo.
Valeu, Gente!
Abraços!"
"O sarau Em Cantos e Versos aconteceu pela primeira vez (de muitas :D) na BibliASPA, biblioteca especializada em cultura/ literatura árabe, africana e sul-americana, que contém uma variedade de livros, sendo também, um espaço para exposições artísticas e intervenções culturais (o endereço e o site estarão indicados no fim do texto).
O sarau foi bastante acolhedor, encantador (rs), com clima terapêutico e de amizade. Todos presentes se apresentaram e se sentiram à vontade para se expressar.
Senti um clima intenso de encontros, como se praticamente todos se conhecessem há anos!
Houve uma ênfase especial em poesia negra e brasileira, ouvimos Solano Trindade pela boca de interpretes incríveis e também Manoel de Barros, que recebeu uma homenagem especial do projeto (magnífico***) Teatro de Barros. Se trata de um projeto de ocupação dos espaços públicos, fazendo experiências cênicas com poesias e textos de Manoel de Barros.
Levei uma obra minha da qual tenho muito apego, pintura de tinta óleo e acrílica sob madeira.
Me identifiquei muito com a galera, nos receberam super bem e fizeram com que a partilha fosse natural.
Fiz leitura dramática de duas poesias minhas, uma eu escrevi por ali no sarau, enquanto ouvia o som mais que inspirador da modinha de viola.
Fazia um bom tempo que não tinha impulsos poéticos desse tipo, mas quando acontecem, são extremamente bem vindos!! :)
Como o Ed já tratou de mencionar a grande parte das apresentações, vou falar um pouco sobre a emoção. (kk)
Tratamos um pouco de política, um tema que mastigamos sempre que possível e sempre que impossível também. A importância da crítica é indiscutível (critiquem).
A poesia de raiz braSileira me encanta, é atemporal, a exclusão e o pré-conceito, são presentes até hoje e deixam marcas na vida de muita gente. Claro que em menor número, BUT, acontece. Enquanto acontecer é de se preocupar.
O descaso com a classe trabalhadora, classe (CDEFGH), são muitos rótulos.
Nada disso faz de alguém mais gente ou menos gente, não é a cor que deve ser parâmetro para desigualdade, isso serve para religião, opção sexual e tantos outros padrões.
Como eu ouvi um dia, numa entrevista com o GENIAL Criollo (doido): Nossa gente é A, A+!
E a simplicidade das coisas boas, que é o que não nos falta, poesia singela, com grandes intenções...
Fizemos pré-lançamento do nosso filho/livro, Porta Encostada: Lembrando que acontecerá lançamento em breve, com uma exposição de algumas obras minhas!
Fica a dica: Sarau Em Cantos e Versos, na BibliASPA.
Beijos de Luz"
Lua Rodrigues
Vídeos:
Vídeo-poesia do poema Casa Arrumada, de Carlos Drummond de Andrade.
Lázaro Ramos e Criollo discutem questões sociais em entrevista.
Documentário sobre Manoel de Barros: Só Dez Por Cento é Mentira.
Algumas Fotos do Evento
Lua, Takumi e Edgar |
Saulo e Sandra Paulino |
Neide Almeida |
Takumi Matos se preparando pra atuar! |
Lua, Takumi, Edgar e Saulo |
Takumi Matos |
Oswaldo Camargo |
Teatro de Barros |
Saulo César Paulino Silva e Takumi Matos improvisando. |
Lua e Ed |